segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ANO NOVO, VIDA VELHA




O calendário novo está alcançável. Agendas novas também, já estão a postos. O ano novo está chegando.
 Fogos de artifício começam a fazer BUM! dentro de mim comemorando tantas coisas boas acontecidas em 2013. Que pena, 2013 está indo embora! Ah se eu pudesse começaria tudo outra vez...Que ano bom!

Nada contra o novo, nem contra o ano novo . Quero sim, que venha 2014 naturalmente, com toda a graça que ele quiser chegar. Rebolando na minha frente com tantas oportunidades, seduzindo-me com todos aqueles doze meses para eu tocar acordes de felicidade. 

Mas não quero vida nova. Quero minha vida velha. Sabe aquele travesseiro macio e velho? Aquele chinelo confortável e velho? Aquele vestidinho de ficar em casa? Quero minha vida velha. Custei tanto para deixá-la assim, tão do meu jeito. Pode ficar melhor? Pode. Mas nova, não quero não. Quero ano novo, vida velha.

Quero o conforto dos colos amigos (velhos amigos). Quero a ternura dos olhares queridos (velhos queridos). Quero as paisagens com as histórias que vivi (velhas paisagens). Quero ano novo, mas a minha vida tem que ser velha.

Sou de uma geração que ainda não se acostumou com tantas novidades, coisas descartáveis demais.  Entendam que minha resistência é  abandonar o velho pelo valor que ele tem e ainda, em aceitar o novo pelo simples fato de ser novo, sem nenhum critério de seleção.

Então, coisas velhas me fazem bem. Até os móveis velhos estão na moda. Outro dia li numa revista de decoração que os móveis antigos contam uma história. Estão na última moda, pode? Coloquei a minha escrivaninha velha no quarto do meu filho e disse a ele: esta foi a minha primeira escrivaninha, quando comecei a trabalhar há 30 anos. Olha quanta história!

Gosto de colocar uma blusa antiga misturada com um sapato novo. Ninguém percebe. Mas a blusa tem uma história.

E assim, a blusa, a escrivaninha, e toda a minha vida velha, têm um valor muito grande. Feliz ano novo! Que ele se junte a todos os outros anos velhos cheios de boas recordações!

Kátia Ricardi de Abreu
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domingo, 8 de dezembro de 2013

Ele está chegando...






Abro a agenda e o comentário logo desabrocha da mente e às vezes escapa pelos lábios: nossa, o Natal já está chegando!

Pois é, o ano rolou, o tempo escorregou. Rapidamente, faço aquela avaliação dos  projetos, das metas e objetivos que estabeleci no início do ano. Costumo escrever para não me esquecer dos compromissos que fiz comigo. Comemoro os objetivos atingidos e faço novo planejamento para o ano que virá.

Mas o que me deixa muito feliz é sentir a magia do Natal dentro do meu coração. Vibro com os pequenos detalhes e deixo a nostalgia chegar. Relembro aquela imensa mesa na casa dos meus avós, com tios, primos, muitos parentes, amigos, vizinhos. Música tocando, cheiro de assados no ar. Meu avô distribuía martelos para quebrar as castanhas e ouvíamos aquele barulho das cascas quebrando na mesa de madeira. A árvore de Natal era feita de um galho de jabuticabeira com jato de spray prata, muitas bolas coloridas. Uma algazarra total na casa, crianças correndo, entra-e-sai de uma porta a outra. Natal era barulho, movimento, vida, alegria, encontros.

O relógio carrilhão da sala de jantar dava as badaladas da meia noite e todos faziam silêncio. Ao redor da mesa, todos em pé, alguns de olhos fechados, ouviam a oração que meus avós faziam. Eles agradeciam tudo que estava acontecendo ali e pediam para Jesus abrandar o sofrimento de todos que estavam doentes nos hospitais, das pessoas que estavam distante daqueles que amavam.

Nesta parte da oração minha garganta ficava com um nó e eu pensava que, quando crescesse, queria ajudar as pessoas que sofrem, aliviar seu sofrimento de alguma forma.

Sou muito grata aos meus avós por me ensinarem a simplicidade do Natal e por imbuírem a solidariedade e o espírito natalino nos nossos corações.

Nesta próxima semana, minha casa vai começar a ficar movimentada. Filhos chegando, com todos os sabores e odores dos tempos natalinos. Estou muito feliz por ver a evolução dos meus clientes, que passarão um Natal melhor do que o último, pelas mudanças internas realizadas, pelos progressos na convivência dentro da diversidade.

Acho que realizei aquele sonho de criança. E desejo a todos vocês que o Natal seja simples como o galho de jabuticabeira que se fez árvore de Natal e os martelos para quebrar castanhas da casa dos meus avós.    O espírito natalino está dentro de nós!

Feliz Natal a todos vocês, queridos leitores e amigos!

Kátia Ricardi de Abreu
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

MUDEI!



Antes eu adorava tomar sol e me estirava por horas para pegar uma cor. Agora, fujo do sol e trinta minutos são suficientes para uma dose de vitamina D que não me causem mais manchas na pele do que eu já tenho. 
Sábado à tarde, shopping lotado, era meu dia de fazer compras e circular pelas lojas passeando. Agora, olho no estacionamento dos shoppings centers e só entro se estiver segura de que haverá local para estacionar, espaço para circular, mesa para me sentar e tomar um café. Cinema? Só quando está quase saindo de cartaz. E olhe lá! Fico esperando passar no Telecine para assistir em casa, no meu adorável sofá.

Salão de beleza para as poucas festas que costumo ir, também já fez parte da minha agenda. Agora, faço manicure no meio da semana e descobri que ajeito meu cabelo com minhas próprias mãos de acordo com meu estilo. Férias então... Só longe das temporadas. Quero praias, hotéis, estradas e aeroportos com o movimento apenas normal. Nada mais que isso.
Sempre fui muito vaidosa. Mas não uso nada que não seja confortável só porque é bonito ou se tornou uma tendência fashion. Quero sapatos, roupas, cintos, todos de acordo com a aprovação não só do espelho, mas do meu corpo. E a minha etiqueta predileta é aquela que cabe no meu orçamento.

O que houve comigo?

Evito aglomerações, barulhos, engarrafamentos de trânsito, excessos de tudo. Estou envelhecendo? Pode ser... Afinal, mais de meio século já se foram nesta estrada da vida. Mas quero acreditar que apenas mudei!
Fica mais aceitável na minha cabeça crer que algumas formas de estruturação de tempo não cabem mais na minha vida pelas escolhas que fiz. Não existe certo nem errado, não existe nunca nem sempre. Pode até ser que eu circule por estes lugares amanhã ou depois. Talvez, quem sabe...

O que descobri é que não faço mais nada sem consultar aquele lugarzinho dentro de mim que me deixa muito confortável em relação às minhas escolhas, sejam elas quais forem.
Isso inclui pessoas. E esta é a parte mais dolorosa. Poucos entendem o que é ser terapeuta e querer se poupar para estar inteira diante do cliente. Até para jogar conversa fora a gente tem que fazer escolhas que nos preserve, não nos tire a energia de forma vampirística.

Acabei ficando corajosa ao ponto de assumir quem eu quero e quem eu não quero para trocar as mais inocentes figurinhas. Longe de excluir interessantes e casuais conversas de salão, percebi que não estou interessada em nada que não me agrade mas sim em tudo que me faça sentir que o tempo destinado a isso ou aquilo, definitivamente valeu a pena.

Sim, mudei! Mudei tanto, que estou escrevendo no meu blog estas descobertas que até outro dia, eu as
guardaria apenas para mim.
Mas que bom, mudei! E hoje tenho o privilégio de compartilhar isso com vocês!


 Kátia Ricardi de Abreu
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