MUITO ALÉM DO ESPELHO
“Porque a beleza da mulher é o clima dela” – A. Távola
Beleza: juízo de valor, não mensurável, não comparável, variável histórica e geograficamente. Após a guerra, a “boa aparência” passou a ser esperada, para não dizer exigida, no mercado de trabalho. A mulher passou a se preocupar com a beleza estética e ditada, confundindo-se, comparando-se e até mesmo sentindo-se feia por seu biótipo não fazer parte dos 0,5% das mulheres que simbolizam as modelos do mundo fashion.
O conceito de beleza feminina foi se modificando, e hoje, já encontramos a mulher evoluída, desenvolvida na percepção de si: muito mais do que estar, ela quer se sentir bonita. Portanto, a opinião alheia deixou de ser o referencial. Até mesmo o espelho não é mais o termômetro quando cuidar-se ultrapassou os limites da vaidade.
A beleza é um estado de espírito, é saber respeitar os próprios limites e a própria individualidade. Ser bonita é ser feliz.
A mulher bonita tem um retrato mental de si, que a agrada. Um realce aqui, outro lá, com certeza irá elevar a autoestima. A “produção” sem dúvida potencializa a beleza, quando usada adequadamente. Mas não existe roupa, sapato, bolsa, perfume, nada, que possa fazer uma mulher se sentir bonita apenas pelos adornos que ela usa. Porque beleza é mais que isso. É uma sensação íntima de segurança em relação a si, é a consciência da própria adequação que não vem de fora para dentro. E isso nada tem a ver com convencimento.
Quando a mulher se sente exclusiva, única e portanto bela, fica envolta por uma energia positiva conhecida como “sedução”. Assim, quando o amado poeta Vinícius de Moraes disse: “que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”, entendo que sua visão arrojada estava além da estética.
Ser bela é sentir-se bela muito além do espelho. Vale lembrar que não há beleza sem saúde. Quando não associada à qualidade de vida, a beleza torna-se doença, podendo causar distúrbios psicológicos ou até mesmo a morte. Alimentação, exercícios físicos, repouso, cuidados pessoais, espiritualidade, postura, potencializam a beleza física, que é mais do que o número visto na balança, que a medida do quadril ou da cintura, que a cor dos cabelos.
A mulher bonita gosta de si e não se compara a ninguém. Desenvolve sua identidade estética e não compete. Sabe que há diferentes belezas e valoriza-as. Satisfeita com sua singularidade, inclui no seu conceito de beleza a felicidade, as realizações pessoais, o humor, a cultura, a simpatia, a dignidade, a integridade.
Realiza-se de tal forma e exala tanta beleza que acaba encontrando alguém suficientemente sensível para contemplá-la, admirá-la e amá-la, não pela cor dos seus olhos, mas pelo brilho que eles têm.