quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

SIMPLES ASSIM!







Quem me conhece sabe. Gosto de coisas simples. Simples assim! Com um toque de "passei por aqui", como uma marca registrada.

Mas estou falando da simplicidade cuidada.


Porque tem a simplicidade desleixada.

O simples bem cuidado fica com um toque especial. Carinho no simples. É isso!



Com um pouco de criatividade, tempo disponível e amor esbanjando pelas mãos, qualquer pessoa pode transformar um cantinho em algo aconchegante e especial.


E isso faz bem para a alma. Concretiza, cristaliza. Dá cor, cheiro e forma para o amor.

Quando estamos estressados, cuidar de detalhes pode distrair e provocar uma catarse. Acontece como se tivéssemos a varinha mágica para transformar lágrimas em sorrisos, aliviar dores até mesmo físicas. Jardins, vasinhos, lacinhos de cá e de lá contam as histórias que não podemos ou não queremos transformar em palavras.

Não importa as tendências de decoração. Combina sempre. Cafona? Nunca. O que é seu, o que vem de você, é o seu estilo e pronto.

Qualquer crítica, é inveja. Qualquer desvalorização, é falta de sensibilidade.

Com recursos disponíveis e dentro do orçamento, seu cantinho se transforma no melhor lugar do mundo. É categoria cinco estrelas.

Sua personalidade expressada nas cores, texturas, contrastes entre o velho e o novo. Cada objeto contando uma história, sussurrada só para você.

Já experimentou?



terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CASTANHAS, MARTELOS, A FAMÍLIA E O NATAL

publicado no livro "Natal em palavras", pg.75


Abro a agenda e o pensamento logo desabrocha da mente e às vezes escapa pelos lábios: nossa, o Natal está chegando! Já? Como passou rápido o ano!
Para mim, a magia do Natal está nos pequenos detalhes e além dos bonecos de Papai Noel, árvores, luzinhas e arranjos. É um tempo que convida à renovação e atualização de planos, entrar em um processo intenso de cura emocional, fazer uma faxina interna, renascer.
Nesta época do ano, deixo a nostalgia chegar intensa. Não tem como ficar sem lembrar o gosto do encontro ao redor daquela mesa na casa dos meus avós.  Logo ao entrar pela porta da sala ainda criança eu avistava a árvore de Natal caseira, feita de um galho de jabuticabeira, com jatos de spray prata e algumas bolas coloridas. Vozes, muitas vozes vinham de todos os cômodos. Uma algazarra total. Movimento, vida, alegria, encontros com tios, primos e algumas pessoas estranhas. Observadora, não demorei em concluir que os “estranhos” eram visitantes e convidados da dona Tita - como era chamada minha querida e amada avó. Meu avô distribuía martelos da sua coleção para pequenos consertos domésticos e assim quebrarmos as castanhas, naquela época com preços mais acessíveis no mercado. O barulho dos martelos na mesa de madeira quebrando nozes e avelãs me convidava a imaginar os anões do Papai Noel fazendo os brinquedos na Grande Oficina do Polo Norte.
Presentes? Ora, presentes... Foram apenas detalhes nestes dias incomuns de minha vida. Não havia presente maior e melhor para mim do que este: minha família ali aguardando o relógio carrilhão da sala de jantar dar as badaladas da meia noite. Silêncio. Nem um “pio” nesta hora. Ao redor das mesas juntadas em formato banquete, todos em pé, ouviam a prece feita por meus avós. Eles agradeciam tudo que estava acontecendo ali, em nossas vidas e pediam para Jesus abrandar o sofrimento de todos os doentes nos hospitais e das pessoas que estavam distantes daqueles que amavam. Nesta parte da oração minha garganta ficava como se uma mão invisível estivesse apertando-a e eu pensava que quando ficasse adulta faria alguma coisa para aliviar o sofrimento das pessoas, de alguma forma. Uma decisão precoce para ser psicóloga?
Depois da prece, quem não chorou acabava chorando: todos se abraçavam, sem exceção. Se alguém ali havia se desentendido com alguém, era a hora de se reconciliar, sob os olhares vigilantes das autoridades na cabeceira da mesa (vovô e vovó). Sim, esperávamos Papai Noel. Porém, mais que presentes, ele nos trazia a alegria de pertencer, de sonhar, de amar. Para perpetuar a reunião familiar, dona Tita tinha um gravador com um microfone e cada um era entrevistado, deixando ali sua mensagem de Natal. Tenho todas as fitas cassetes guardadas até hoje, um registro histórico dos nossos encontros de Natal.
            Sou muito grata aos meus avós por este legado. Quando cresci, minha avó Tita me passou a incumbência de fazer a oração. Aceitei, mas nunca consegui faze-la com o mesmo fervor.
            Desejo a vocês leitores, que misturem os odores e sabores do Natal com a alegria de estarem com as pessoas que amam.  Assim, esta data sempre será inesquecível.
            Feliz Natal!
  

Kátia Ricardi de Abreu
www.katiaricardi.com.br
www.katiaricardideabreu.blogspot.com.br 



domingo, 21 de dezembro de 2014

RELACIONAMENTOS QUASE HONESTOS



publicado em 21 de dezembro de 2014 na Revista Bem-Estar

Honestidade: do latim, honos, que significa dignidade e honra. Indica a qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não fraudar, não enganar.
O conceito de honestidade está deturpado, confundido, distorcido, contaminado. Indivíduos honestos são chamados de “caretas”, “babacas” diante de uma sociedade atual transformada em seus valores.
Quando faço entrevistas para contratar colaboradores para as empresas, é comum ouvir em algum momento da entrevista: “sou honesto”. No mundo corporativo, só o tempo poderá confirmar o grau de honestidade de quem se diz honesto. Já na prática clínica, testemunho diariamente a mais pura honestidade que um ser humano pode manifestar, quando assume a coragem de reconhecer em si e para si, suas emoções autênticas, revelando sua busca para uma vida da qual se orgulhe, buscando mudanças que afetem seu caráter e sua personalidade de forma positiva, abandonando decisões disfuncionais e comportamentos que nada contribuem para seu bem-estar.
Temos momentos de honestidade, momentos de não honestidade e momentos de quase honestidade, se fizermos uma reflexão honesta sobre nós. Somos emocionalmente honestos sempre? Aposto que não! Não somos honestos quando não praticamos a clareza na comunicação nas nossas relações interpessoais, provocando confusão e perplexidade no interlocutor. Antes disso, não somos honestos quando não entramos em contato com nossos sentimentos autênticos, mascarando, disfarçando as emoções para atingirmos objetivos convenientes, moral e socialmente aceitos. Não somos honestos quando buscamos justificativas pífias para nos enganar e assim, confortavelmente caminhar numa verdade maquiada. Não somos honestos quando recusamos mergulhar em níveis mais aprofundados de consciência que podem nos garantir doses de autoconhecimento suficientes para incomodar àqueles que não conseguem conviver com nuances de certo/errado. Ou isso ou aquilo. Ou preto ou branco. Ou vai ou fica. Ou eu ou ele (a).
Para ser honesto com Maria, Pedro é desonesto com Joana. Bom seria que Pedro fosse honesto com Pedro. E com esta leitura emocionalmente honesta sobre si, Pedro poderia ser quem é. E isso bastaria. Dar-se permissão para ser quem é caracteriza a mais pura honestidade na comunicação emocional. É a forma mais distante de qualquer tipo de traição de si. Porque trair as próprias emoções é exercitar a não honestidade existencial. E o mundo está cheio de traições de si para não trair o outro.
Temos um quadro de referência interno, que filtra aquilo que convém para confirmar nossas crenças pré-estabelecidas. Quando os estímulos contrários às nossas crenças são enviados, nós os recusamos para não perdermos o pseudoequilíbrio, vivendo emocionalmente em paz com nossa honestidade  travestida. Isso garante a homeostase para uma vida limitada na nossa criatividade, espontaneidade, intimidade e consciência.
A falta de honestidade emocional começa no ambiente familiar quando se proíbe à criança a expressão honesta de seus sentimentos.  A psique em formação descobre maneiras de reprimir e canalizar a emoção indiretamente, desenvolvendo estratégias para expressá-la de forma quase honesta. “Sinta o que você sente”, é a permissão que a criança necessita, seguida de: “e expresse o que você sente de forma adequada”.  Educadores e pais bons o bastante, podem estimular crianças a construírem relacionamentos emocionalmente honestos. Adultos podem se resgatar através do processo de reeducação emocional. Assim, sapos confortáveis serão transformados em príncipes e princesas, envolvidos pela honestidade de suas emoções e construirão relacionamentos saudáveis.   
KÁTIA RICARDI DE ABREU
PSICÓLOGA CRP06/15951-5 especialista em Análise Transacional
www.katiaricardi.com.br