sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A DESCONHECIDA

Na fila para pagar, conferi se não havia esquecido algum ítem da lista. De "cabeça", porque a imensa bolsa não tinha uma caneta sequer para eu anotar. De uns tempos para cá só consigo digitar, escrever com caneta é coisa do meu passado. Mas então, voltando ao assunto, a pressa reinava à minha volta e eu lutava não me contaminar. Confesso que olhei umas três vezes no relógio do celular torcendo para aquela senhora finalizar o pagamento da compra e liberar a funcionária para me atender. Já estava ouvindo aquelas perguntinhas automáticas: "crédito ou débito?" "CPF na nota?"

Minha cabeça a mil por hora pensava na próxima consulta: ai meu Deus, vou ter que largar tudo aqui para não me atrasar e voltar no final da tarde para colocar tudo no carrinho novamente. Ninguém merece! Comecei a fazer exercícios respiratórios para relaxar enquanto ouvia a senhora contando uma história sobre a filha para a funcionária. Não vai dar! Agora tenho certeza! - pensei. Mais um pouco e eu estou liquidada, sem chances de concluir a última etapa do processo - pagar!

Foi então que meus pensamentos borbulhantes cessaram de uma só vez. Aquela senhora fechou o zíper da bolsa, colocou a sacola de compras enganchada em seu braço esquerdo, estendeu a outra mão e segurou no meu braço. Puxou-me delicadamente na sua direção e falou bem baixinho algumas palavras, que é claro, eu não ouvi. Mas pensei: vixi! ela vai me falar uns desaforos, deve ter percebido que eu estou impaciente, devo ter demonstrado. preparei-me para o pior.

Olhei para os olhos da senhorinha e vi que estavam vermelhos. Vixi! A coisa vai pegar! Disse a ela: - a senhora pode repetir o que disse, por favor? eu não ouvi.
Novamente ela sussurrou, desta vez olhando bem nos meus olhos com uma ternura impressionante: - eu disse "Feliz Natal!"

Desmoronada, nem sei como cheguei até o carro e guardei as sacolas no porta-malas. Já se passaram muitas horas e eu ainda estou com aquele semblante na minha cabeça. A desconhecida senhorinha transformou aquele momento em magia porque transmitiu diretamente ao meu coração o amor de Jesus. Feliz Natal a todos!

domingo, 6 de novembro de 2011

ESCOLHAS

O domingo chegou suave. Meus planos para passar a manhã à beira da piscina foram engolidos pela ausência do sol aberto e o desejo de organizar algumas coisas pendentes na casa. Tá certo, domingo não é dia de trabalhar, mesmo que seja arrumando algumas gavetas. Mas o verde e o colorido das flores do jardim prenderam minha alma naquele pedaço de chão.

A vida é cheia de escolhas. A todo momento, temos que decidir pequenas e grandes coisas que mudam o rumo de nossas vidas sem que saibamos o que aconteceria se o rumo tomado fosse outro diante de cada encruzilhada.

Cada um tem seu critério para fazer suas escolhas. O meu critério obedece a três perguntas: eu quero? convém? eu devo? Quando a resposta é "não" para uma delas, o conflito começa dentro de mim até que uma das partes possa vencer.

Mas não foi apenas a paisagem bucólica que predominou e construiu alegria no meu coração. Meu rebento já crescido, me fez uma pequena grande revelação: "mãe, eu quero ter uma vida simples". Eita, que beleza! Aí valeu o dia!

Não tem nada mais gostoso do que poder assistir ao espetáculo da natureza somado ao desabrochar de uma personalidade que se define a cada dia para uma vida saudável e... simples!

Presenciar as escolhas dos nossos filhos, como espectadores, mas com mãos em aplausos, é uma grande alegria na torcida da vida. Essa vida que Deus nos deu de presente e que podemos conduzir de forma a honrá-la dia a dia, através de nossas escolhas.

Então, eu escolho respeitar a vontade daqueles que se aproximam ou se afastam de mim. Escolho respeitar a minha vontade de me aproximar ou me afastar de quem quer que seja. Escolho viver em harmonia com a natureza e com todos os seres humanos que estiverem ao meu redor. Escolho dizer "não" a qualquer tipo de violência e valorizar cada vez mais as coisas mais simples da vida.

A tarde chegou, a noite apontou. Fiquei mais fortalecida pela bela paisagem nesse pedaço de chão, onde os pássaros cantam, as cigarras gritam ferrenhamente, o vento sopra e faz as folhas do flamboyan dançarem felizes. E fazem meu coração gritar silenciosamente de alegria.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O CAMINHO SE FAZ CAMINHANDO

Ela acordou decidida. Enroscou seu cabelo despenteado numa presilha dourada, tirou do armário seu vestido mais confortável, fechou os olhos para os saltos altos e desenterrou do armário impecavelmente arrumado aquela rasteirinha esquecida por pelo menos dois anos naquele canto da prateleira. Disposta, muito disposta a colocar as pendências em dia, mais uma vez ela se olhou no espelho, talvez para se convencer de que não estava tão mal assim naqueles trajes.

Diante da janela, apreciou a manhã suavemente morna, olhou para o pinheiro esguio e forte fincado na terra adubada e úmida e pensou: o caminho se faz caminhando. Sorveu mais um gole do café fumegante e saiu a passos largos como se estivesse atrasada.

Atrasada para que?

Ela sabia que não seria nada fácil mas também sabia que poderia conseguir, se tentasse. E foi... foi... foi. Buscou, caiu, levantou. Chorou, se secou e se fartou de tantos momentos difíceis. Lutou, perdeu, ganhou. Por causa de tantos passos, também se machucou. Mas não ligou.

Ela caminhou. Pouco, muito, não soube dizer. Caminhou o suficiente para fazer sua própria estrada, para olhar para trás e ver a marca da rasteirinha na terra vermelha ainda úmida pelos míseros pingos de uma mísera chuva caída na noite anterior.

O caminho se faz caminhando.

E apenas por isso, ela se foi!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

APRENDENDO SEMPRE

Quando meu irmão marketeiro me disse há 20 anos: "você precisa fazer um site", confesso que resisti. Meu trabalho sempre foi na surdina, entre quatro paredes, sem alarde. Aos poucos, ele foi me convencendo de que eu poderia me expor sem banalizar, vulgarizar minha profissão. Pelo contrário - dizia ele - o mundo virtual é uma oportunidade para levar seu recado às pessoas que não têm como chegar até seu consultório. Então topei! E nesses últimos 20 anos, tenho me empenhado muito em acompanhar este admirável mundo virtual.
Publiquei livros sem nenhuma pretensão de me considerar escritora. Não, não sou escritora. Sou apenas uma psicóloga que escreve o que sente e pensa. Não tenho conhecimento técnico para me entitular escritora.
Aceitei o desafio de escrever semanalmente no Diário da Região e com a extinção desse espaço percebi que me acostumei com esse canal aberto.
O Blog é mais um caminho que encontrei para ficar mais próxima dos meus queridos leitores.
Se meu irmão estivesse aqui (ele faleceu em 2001), estaria aplaudindo mais este meu passinho em direção às pessoas para expor minhas ideias.
Agora, quem quiser ler meus textos, além daqueles que estão no site, é só vir aqui no blog!
Vou procurar escrever semanalmente, como fazia no Diário.
Aguardo você, hein?