domingo, 21 de outubro de 2012

NO FIO DO BIGODE




Ser contratual é uma das principais características da Análise Transacional, teoria da personalidade criada por Eric Berne (1910-1970). Isso significa que deve existir clareza nos propósitos e objetivos do tratamento psicológico. Contrato psicológico é um acordo formal entre o Estado de Ego Adulto do terapeuta e o Estado de Ego Adulto do cliente, em uma linguagem suficientemente simples para se atingir um objetivo realista e mensurável. Este objetivo deve satisfazer às expectativas razoáveis do cliente, bem como algumas das necessidades e desejos de sua Criança interna. A personalidade do terapeuta deve se sentir confortável com o estabelecimento deste acordo.
O contrato terapêutico tem como objetivo facilitar para que a pessoa encontre um modo de ser funcional para ela e para os outros, saindo de suas amarras inconscientes. Um contrato psicológico geralmente envolve alguma mudança de atitude, comportamento, pensamento e sentimento. O cliente deve empenhar-se para atingir o objetivo desejado e o terapeuta deve empenhar-se em utilizar seus conhecimentos para que o cliente faça as descobertas que o levem a isso.
Fora do contexto terapêutico também fazemos contratos em todo momento. Combinar um encontro para tomar um simples cafezinho com um amigo é um contrato que envolve especificações: onde, como, quando. Nada assinado. Tudo na palavra. A clareza na comunicação é fundamental. É importante combinar o que fazer se não puder ir e desnecessário confirmar o que já está combinado. Significa duvidar da combinação inicial.
Conflitos nas relações interpessoais que podem até mesmo chegar aos tribunais geralmente são contratos sem clareza, sem especificações, carregados de distorções muitas vezes com forte carga emocional contaminando o raciocínio lógico. Uma das partes entende uma coisa e a outra entende outra coisa.
 Pessoas que dedicam tempo e energia fazendo bons contratos são consideradas, respeitadas, admiradas. A palavra assumida e cumprida revela o caráter, a idoneidade, a habilidade relacional. Inspira confiança quem é pontual nos acordos que faz. Até mesmo quando não faz, avisa que não vai fazer e por que.
Voltar atrás e refazer contratos ou rescindi-los faz parte da postura ética e constrói relacionamentos apoiados na liberdade com respeito e consideração das partes envolvidas.
Há uma expressão antiga chamada “no fio do bigode”, usada para ilustrar a garantia da palavra através de um fio da própria barba, retirado geralmente do bigode; trata-se do empenho verbal para o cumprimento de qualquer acordo, atitude considerada honrada e ética. Durante décadas, nossos antepassados usaram esta expressão para se referirem a negócios fechados sem documento assinado, apoiados apenas na palavra. Foi um tempo no qual a reputação e a honra eram de grande valor para qualquer pessoa. Não era o Serviço de Proteção ao Crédito e sim a fama de boca em boca que determinava essa reputação.
Quando o sim é sim e o não é não a comunicação e o relacionamento se tornam agradáveis, honestos e, portanto, saudáveis.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica e Organizacional
17 32332556
Publicado em 21/10/2012 - Revista Bem-Estar - Diário da Região 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

FELIZES PARA SEMPRE

Sou de uma geração na qual o casamento é o sonho de toda mulher. Uma das etapas fundamentais da vida. Não havia espaço na sociedade para mulheres solteiras. E foi numa noite quente de outubro, cercada de lírios na nave da igreja da Redentora que realizei este sonho. Com a bênção do saudoso padre Chico, adentrei-me de mãos dadas com meu pai, pelo tapete vermelho, ao som do Bolero de Ravel.
Cada detalhe foi cuidadosamente planejado para aquele dia especial: 10 de outubro de 1987. Hoje, 25 anos depois, tenho uma família. Bruno chegou em 1990 e Marco em 1995.
Casamento não é mar de rosas. O que posso dizer é que o respeito, a admiração e a atração são ingredientes que mantém a chama acesa.
Ceder, contornar, voltar atrás, reconsiderar, abrir mão, renunciar, avançar, bater o pé, sapatear, não abrir mão, não renunciar, fazem parte da convivência. Acordar e dormir ao lado de uma pessoa é um exercício de relacionamento que envolve habilidade de ambas as partes.
Meu marido não é um príncipe, minha vida conjugal não é um conto de fadas, minha casa não é o castelo encantado e minha felicidade não é inventada. É real. É verdadeira.

Sou grata pelo meu relacionamento! Tim-tim! É prata!