segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

MEDEIA E A FÚRIA NARCÍSICA

Vamos refletir sobre relações amorosas, a dor diante das rupturas e as possibilidades de elaborações.
Após uma separação, é muito frequente alimentar ressentimento em relação ao ex parceiro. A dor vivenciada com a culpabilização do outro, coloca-o na posição de algoz enquanto se permanece na clássica posição de vítima. Este sentimento, no entanto, torna inviável a superação.
Quem não ouviu falar em Medeia? Figura mítica de mulher que tudo sacrificou em nome de sua exigência de amor por um homem, para obter o amor de Jasão, não hesitou em perpetrar todo tipo de transgressão, inclusive matar os próprios filhos.
Temos então, o protótipo da mulher que busca exclusividade no desejo de um homem. Quando perde o amor do seu homem ela “se” perde. Experimenta a angústia não da perda real do objeto amado, mas da perda do amor por parte dele. Seu medo é ser abandonada pelo parceiro e perder seu amor, porque tem necessidade e total dependência uma vez que abdicou de sua própria vida em favor dele. Isso a faz pensar que poderá exigir o amor deste homem, pedir provas como recompensa por sua dedicação. Sua fragilidade narcísica percebe o parceiro como indispensável ao seu equilíbrio e isso a faz lançar mão do controle e da posse. Acusa-o de traidor pelo simples fato de existir fora da relação. Nada pode ser feito sem que ela esteja incluída e qualquer outro relacionamento passa a ser ameaçador.
De objeto desejado, temos na paixão patológica, perversão do amor, o objeto necessário, insubstituível, e sua perda implicaria em aniquilamento. A ansiedade de perde-lo faz aumentar a cobrança, a avidez, o controle e ela finalmente o perde. Quando constata que este amor é oferecido a outra mulher, suas emoções são extremas e podem chegar a altos graus de destrutividade com a perda do controle da razão.
A pessoa narcisicamente vulnerável, se acomete por sentimentos de fúria, quando o objeto amado deixa de viver de acordo com as expectativas que depositou nele. Esta fúria narcísica responde a uma ferida narcísica. Surge então necessidade de vingança, perseguição àquele que é identificado como algoz. Visto como inimigo, passa a ser alvo de destruição e a heroína de Eurípedes deseja-lhe os mesmos sofrimentos e humilhações por ela vividos. A atitude vingativa imbuída de irracionalidade, revela sua agressividade arcaica. O ódio e a satisfação sádica do sofrimento e degradação do objeto amado, entram em ação. O amor não pode ser renunciado. Assim, Medeia é personificada em crimes passionais e em processos tramitando em Varas de Família.
Sigmund Freud, em “Luto e Melancolia”, indica a necessidade de um tempo determinado para o trabalho de luto ser concluído e o ego se ver novamente livre e desinibido para novas investidas libidinais. A ruptura de uma relação amorosa requer um trabalho psíquico, e elaboração de um processo de luto. A Medeia sente dificuldade em elaborar este luto, sua ferida dói não porque perdeu o objeto amado, mas porque perdeu um lugar que julga ser seu de direito. Ela quer reconhecimento de um suposto valor.
A melancolia indica que um trabalho de luto não pôde ser realizado, a libido não foi retirada do objeto amado e isso impede qualquer outro investimento afetivo.
As separações litigiosas, mantidas durante anos, são alimentadas quando os envolvidos não conseguem elaborar a separação psiquicamente. Mais do que contrariedades e frustrações vivenciadas em qualquer rompimento, torna-se ofensivo para aqueles que têm intensas necessidades narcísicas, constatar que o outro é independente e está conseguindo gerenciar sua vida após o rompimento.
A capacidade de reparação depende da maturidade do casal e a ruptura poderá despertar soluções criativas em prol da felicidade em substituição a movimentos que levam à destruição, desgaste e mais conflitos. Cada parceiro pode assumir a sua parte da responsabilidade nesta história que vinha sendo construída por ambos. Perdoar, analiticamente falando, não significa esquecer. Implica reconhecimento do próprio desamparo e o do outro.
Citando as palavras sobre o Amor Fino, de Padre Antônio Vieira, em “Sermões”: Quem ama porque o amam é agradecido. Quem ama para que o amem é interesseiro. Quem ama não porque o amam nem para que o amem, só esse é fino.
Eu diria que só esse é amor! Quando se rompe um relacionamento, podem acabar todas as formas de amar, menos uma:  o amor de ser humano para ser humano. Qualquer um é digno de receber este amor, principalmente aquele que já partilhou momentos que não serão esquecidos porque foram bons.

Kátia Ricardi de Abreu
Psicóloga CRP 06/15951-5 especialista em Análise Transacional

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ENTREVISTA TV TEM "EXAGEROS"

O Programa DE PONTA A PONTA, TV TEM, exibido sábado, 12/12/15, abordou o tema "EXAGEROS" e contou com a minha participação comentando o assunto. Abaixo, os links de dois momentos de exibição da matéria:

O homem mais tatuado do mundo:
http://gshow.globo.com/TV-Tem/De-Ponta-a-Ponta/videos/t/edicoes/v/o-homem-mais-tatuado-do-brasil/4667617/

Estilo Elke Maravilha:
http://gshow.globo.com/TV-Tem/De-Ponta-a-Ponta/videos/t/edicoes/v/estilo-elke/4667635/


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O QUE TENHO DE MIM

Foi um ano difícil! Muito difícil!
E justamente por esta razão, sou grata.
Posso dizer que todas as dificuldades pelas quais passei - e ainda passo - contribuem para que muitas transformações ocorram dentro de mim.

Consegui aprender boas lições sobre a vida, sobre as pessoas... Consegui modificar conceitos, agregar valores. Fui fundo na dor e no amor. Me machuquei e me curei.

No final do ano passado, perdi a consciência, caí, bati a cabeça no chão duro do banheiro da minha casa e fiquei com parte do rosto cheio de hematomas. Milagrosamente nada aconteceu além dos hematomas, que lentamente desapareceram do meu rosto ao longo dos meses.

No meu processo interno, não tive um chão duro para cair, porque simplesmente não encontrei o chão. Sabe aquela expressão "perdi o chão"? Pois é... foi assim! Flutuei no ar sem encontrá-lo e agarrada na minha fé, descobri minhas asas fortes... saí voando como a borboleta que deixa seu casulo e fui borboletear ao encontro de almas nobres e no colo seguro de Deus. Os hematomas invisíveis encontraram o bálsamo da cura na aceitação de mim como sou e na aceitação do outro como ele é.

Algumas fontes secaram e outras jorraram abundantes, de tal forma que saí saciada e enriquecida com o que tenho. Com o que tenho de mim!
E o que tenho de mim, é tudo que vou levar desta vida.

Foi um ano no qual exercitei a criatividade. Fiz vasos, plantei mudas e cuidei delas. Consegui realizar um antigo sonho: cultivar uma pequena horta de temperos e ervas. Com elas, a culinária também se tornou mais criativa.

Também consegui exercitar o desapego. Será o primeiro Natal sem o Bruno, meu primogênito. Não faço ideia de como vou me sentir. Lembro-me de que, no seu primeiro ano de vida, fiquei ao lado do berço imaginando como Maria se sentiu quando se tornou mãe de Jesus. Hoje, fico imaginando como ela se sentiu quando seu filho andou com "estranhas ideias" para aquele tempo.
O que tenho é o consolo de que, onde ele estiver, estará bem.

Para vocês meus leitores, fica a minha gratidão pelo compartilhamento das minhas emoções e experiências! As estatísticas registram que houve mais de 4.000 acessos aos textos que escrevi neste blog em 2015. Isso me faz pensar que talvez alguém tenha aproveitado alguma coisa e que minha missão nesta vida terrena está sendo cumprida.

Considero-me um ser espiritual vivendo uma experiência humana. Quando deixar esta "casca" irei embora com tudo o que tenho. Tudo o que tenho de mim!

Que a luz brilhe nos nossos corações intensamente em benefício do amor! Feliz Natal! Feliz 2016!



Kátia Ricardi de Abreu






terça-feira, 24 de novembro de 2015

PARA PERDOAR

EU, XX  PERDÔO VOCÊ XX
E EXPRESSO TODO MEU AMOR.

Considero que não houve intenção de causar a mim qualquer sofrimento. Pelo contrário, suas ações ou a falta delas, foram no sentido de evita-los. Também considero a dificuldade de sua parte em fazer ou não fazer o que eu da minha parte não deveria esperar. Peço perdão pelas expectativas que construí sobre como você deveria agir ou não agir.

Agradeço todos os momentos que pudemos trocar experiências e possibilidades de crescimento e prometo fazer da sua ausência/presença e da minha ausência/presença o mesmo exercício de bem-estar, dando lugar à saúde.

Quero lhe assegurar que não o(a) julgo, e de nada o(a) acuso. Da mesma forma não me culpo e não me envergonho de nada que fiz ou deixei de fazer.

Cada um de nós tem suas imperfeições e respeito as minhas e as suas.

Minha alma nada teme diante de você e torço para que este sentimento seja recíproco. Não lhe desejo mal algum e envio a você diariamente minhas orações pela sua felicidade. Você tem o direito de ser feliz de acordo com as eleições e escolhas feitas por você. A mim cabe a reconstrução dos meus equipamentos emocionais diante das suas escolhas sem inveja nem ciúme, sem mágoa nem amargura.
Receba minha ternura e gratidão. Entendo que as emoções desagradáveis que senti foram necessárias para que eu entrasse em contato com sentimentos superiores. Foi constrangedor  e embaraçoso para mim, mas dou a você o direito de se comportar conforme seus valores e você tem a minha compaixão.


Eu me perdôo e te perdôo. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

FAÇA SILÊNCIO

Foi entre os arbustos e flores cultivadas pelo "Seu Candinho" no Colégio Santo André, que certa vez me foi revelado a importância do silêncio. Adolescentes inquietas que éramos, não bastava olhar para o cenho franzido da Madre Marta que em pé, com o sino embaixo da axila esquerda, aguardava as andrelinas enfileiradas, fecharem a boca. Cutucões para lá e para cá, após alguns segundos, nem os pássaros ousavam interromper o profundo silêncio que se fazia valer no páteo externo gramado, rigorosamente verde. Ela subia alguns degraus da escada que dava acesso ao bosque, para que todas as alunas pudessem vê-la e iniciava a reunião, apelidada por nós de "sermão da montanha". Habilidade ímpar tinha esta mulher em conseguir ser ouvida e entendida sem microfone, naquele cenário mágico e inesquecível. Aprendi a disciplinar minha escuta.

Mas não ficou só nisso.

Um jovem padre, descontraído e brincalhão,carregando nos braços um violão, ensinou-nos uma canção feita por ele. Aos primeiros acordes, as vozes femininas, misturadas com aquela única voz masculina, entoava: "Faça silêncio em seu coração, porque o Senhor lhe quer falar".
Irala, padre Irala. Foi ele quem ensinou-me a desenvolver a sensibilidade para ouvir meu coração através do silêncio. Canção suave, dizia que o Senhor nos fala na escuridão, nos fala quando amanhece o dia, nos fala através da natureza, nos fala... mas, precisamos aprender a fazer silêncio para ouvir.

Assim me habituei a fazer do silêncio meu aliado. E mais tarde na vida, desenvolvendo habilidades como psicoterapeuta, aprendi mais sobre o silêncio e sua importância para o nosso equilíbrio. Como é saudável aquietar-se para decifrar nossos sentimentos, para encontrarmos nossas verdades, para decidirmos nossos rumos.

As lições de disciplina da Madre Marta e as canções do padre Irala são preciosidades que elevaram minha existência e proporcionaram conforto para a minha alma.

Hoje, meu coração é cheio de nostalgia deste tempo glamouroso e feliz. Feliz porque íamos do silêncio ao barulho sem descartar a profundidade de ambos. Batendo palmas, cantávamos com padre Irala a música que ele fez para nós:

"Mensagem de amor e fé,
Menina de Santo André,
A vida vai viver cantando
E a paz levando para quem quiser...

 Ele nos levava ao êxtase no final, onde as palmas se misturavam com risos e quiçá, com lágrimas:

Nos braços trago um violão,
No peito vibra uma canção,
E São José do Rio Preto bagunçou o coreto do meu coração,
Cidade que é simpatia
E é a moradia da minha canção....

Laiá-laiá-laiá-laiá, .......

Bons tempos!




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

CONTRATOS DE RELACIONAMENTO

Todo relacionamento é repleto de conteúdo que pode ser distorcido. Porque nós podemos contaminar nossa comunicação interna e externa sem ter consciência disso. Muitas vezes agimos com uma pessoa do presente tendo na nossa cabeça uma pessoa do passado.

Quanto mais consciência adquirimos sobre quem somos nós, mais nos isentamos destas relações transferenciais.

Para termos relacionamentos saudáveis, podemos utilizar uma comunicação simples, clara, com objetivos e expectativas declaradas um ao outro. Combinar como desejamos que este relacionamento seja, de forma específica e declarada.

Até mesmo os rompimentos podem ser contratados. Por exemplo, um casal certa vez em uma consulta, combinou: "Quando você não quiser mais ficar comigo, diga isso de forma direta por favor. Odeio ter que ficar juntando sinais para concluir isso sozinha".

Este foi o tema da palestra ministrada na EGO CLÍNICA na última quarta-feira. Falamos sobre os acordos verbais nas relações de trabalho e nas relações pessoais.


exercitando contratos de relacionamento durante palestra na Ego Clínica


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

NOVO AMOR

Hoje pela manhã, um pássaro voou, pousando tão próximo que eu pude derrubar meus olhos sobre ele com tempo suficiente para ver suas cores, seu bico, o desenho perfeito de suas asas. E mal meus olhos haviam chegado até as asas, já não o encontraram mais. Criatura de Deus, ágil e faceira, voou para bem longe sem que eu pudesse guardar mais lembranças dos segundos de tempo em que passou pela minha vida.

 Posso ver outro igual, parecido, mas este, certamente não mais cruzará o meu caminho. Ou talvez, ele volte por aqui, mas eu não o reconhecerei.

Outras criaturas de Deus ficam por mais tempo na minha morada. Como a coruja, que todas as noites me espera no mesmo lugar e baila sobre a capota do carro durante uns cem metros  - provavelmente a distância suficiente para proteger seu ninho. Ou ainda, como o urutau que se confunde com o tronco da árvore há vários dias e o casal de tucanos na árvore farinheira.

Determinada a aprender com a natureza, passei a me acostumar com o canto das cigarras e o coachar dos sapos. Surpreendida com visitantes inofensivos da mata quase urbana, como as lagartixas, lagartos, teiús, gambás, saguis e por aí afora. Até mesmo um coelho todo saltitante já apareceu na relva, todo branco e orelhudo.

Com o tempo, fiquei mais envolvida com os tons de verde da natureza e desenvolvi habilidades de jardinagem para cuidar das plantas e respeitar os bichinhos da cadeia alimentar. Abelhas? Deixe-as aí na bananeira. Aranhas? Deixe-as aí com suas teias entre os galhos das árvores.  Quando algum bicho me incomoda, lembro-me de São Francisco de Assis. Saúdo sua presença e faço dele mais um companheiro da minha morada.

Aprendi que ninguém passa pela nossa vida por engano. Não existem erros nos planos de Deus. Nem  uma formiguinha cruza nosso caminho por acaso. Mesmo que a ela não tenhamos dado alguma importância. Aprendi também, que pessoas e criaturas ficam nas nossas vidas o tempo necessário aos planos de Deus. Como o pássaro que cruzou comigo hoje pela manhã. Aprendi que nossa felicidade, não pode depender da permanência de pessoas e criaturas em nossas vidas, por mais que seja grande nosso amor por elas. Amar é desapegar-se. Permitir que novas pessoas e criaturas entrem e sejam carinhosamente acolhidas, abrindo outros ciclos de relacionamento nos faz aprendizes e nos fortalece.

Meu pastor alemão, eutanasiado recentemente, deixou um enorme vazio na minha vida. Mas em todos os momentos nos quais sua ausência foi sentida, agradeci pelo tempo em que estivemos juntos, em que nossas vidas se cruzaram. Como diz Joanna de Ângelis, "nos níveis nobres da consciência de si e da cósmica, a gratidão aureola-se de júbilos, e os sentimentos não mais permanecem adstritos ao eu, ao meu, ampliando-se ao nós, a mim e você, a todos juntos. A gratidão é a assinatura de Deus colocada na Sua obra. Quando se enraíza no sentimento humano logra proporcionar harmonia interna, liberação de conflitos, saúde emocional, por luzir como estrela na imensidão sideral".

Sem qualquer pretensão de substituir este companheiro fiel, o Universo me enviou seu provável sobrinho. Recebo-o com amor. Afinal, "talvez a verdadeira felicidade seja essa: se esquecer de qualquer outra coisa que não esteja diante dos teus olhos enquanto você sorri".






quinta-feira, 15 de outubro de 2015

FIDELIDADE



Não tivemos despedida. Eu não sabia que ele iria embora da minha vida assim, de repente. Se eu soubesse, teria amado mais. Teria aproveitado mais os poucos minutos que estivemos juntos, contados e roubados dos meus afazeres, compromissos, deveres, responsabilidades.

Tratei-o com muito dengo. Permissiva demais, fui fazendo vistas grossas e deixando-o usar e abusar, transgredir regras. Tive que mudar alguns conceitos para aceitá-lo na minha vida. Que eu me lembre, só nos desentendemos uma vez. Fui corajosa, firme com ele e nunca mais ele ultrapassou os limites comigo.

Seu tamanho exageradamente grande às vezes me assustava, quando desprevenida. Mas eu me derretia como manteiga com o olhar terno, carinhoso, que ele me dirigia.
Parecia que ele sempre queria me ver. Ou, talvez, todo esse amor nunca existiu e foi apenas uma fantasia construída pela minha cabeça para suprir minha necessidade de me sentir amada. Não importava se estava calor, chovendo ou fazendo frio, parecia que ele sempre queria me ver.

Sonhei com ele antes de sermos apresentados. Sabia que seria uma experiência gratificante, assim que meus olhos se encontraram com os dele. Não sei se eu o escolhi ou se ele me escolheu. Sei que tivemos um relacionamento intenso, profundo, embora passageiro demais para o meu gosto.

Como se estivéssemos em um Universo paralelo, falávamos no silêncio a linguagem que só as almas entendem.

Uma grande perda. Vai ser difícil me acostumar com a ausência deste amigo fiel. A ele, minha homenagem! Vai em paz, seja o guardião do céu!.




quarta-feira, 16 de setembro de 2015

GESTÃO DE PESSOAS: desenvolvimento de grupos e organizações

Estivemos no Rotary Club São José do Rio Preto ministrando palestra sobre GESTÃO DE PESSOAS. Falamos um pouco sobre o papel do Psicólogo nas empresas e na sociedade atual.





TV CÂMARA

Estivemos nos estúdios da TV CÂMARA gravando para o PROGRAMA CIDADANIA no último 11 de setembro. Foi um bate-papo sobre o papel do Psicólogo na comunidade.


CONGRESSO BRASILEIRO DE ANÁLISE TRANSACIONAL

Em agosto, tivemos a honra de participar de mais um CONBRAT, o evento da União Nacional dos Analistas Transacionais do Brasil. Algumas fotos para perpetuar bons momentos:

Abertura oficial, Hotel Nacional Inn, Curitiba-PR




Abertura, com Maila Flesch, James Allen, Vitor Merhy e Jorge Close
















Com o convidado internacional, James Allen, após a conferência de abertura do CONBRAT













Com Antonio Pedreira, nos corredores do CONBRAT




Comemorando os 30 anos da UNAT-BRASIL



Anunciando o próximo evento da Associação: IX FÓRUM BRASILEIRO DE ANÁLISE TRANSACIONAL, em setembro de 2016 - cidade sede: são José do Rio Preto-SP

INFANTOLATRIA

(publicado na Revista Bem-Estar, Diário da Região, 13/09/15)

Existe um período no qual os filhos podem e devem reinar na família. Ao nascerem, os bebês são colocados no centro das atenções, pois suas necessidades têm que ser decifradas. Este reinado deverá chegar ao fim até o segundo ano de vida no máximo, para que entendam a existência e as diferentes necessidades dos outros.
A infantolatria ocorre quando os pais não promovem esta adequação da criança ao mundo, dando a ela o poder de comandar a dinâmica familiar. Tudo é determinado em função da vontade da criança sempre. Não há espaço para as vontades de mais alguém. Os pais se colocam como súditos da criança e se colocam disponíveis para realizar todas as suas vontades e desejos o tempo todo.
Sabemos que a criança passa a ser a prioridade no ambiente familiar. Fazer suas vontades é OK, dentro de limites que também considerem a existência do outro. Este outro pode ser o irmão mais velho, o primo que veio visitar e quer brincar com os mesmos brinquedos, o vizinho que brinca no playground, e até mesmo os próprios pais e demais adultos que convivem com a criança.
Pais que fazem absolutamente tudo que a criança quer não estão educando. Podem agir assim como uma tentativa de compensação pelas horas ausentes. Ou por pensarem que agir desta forma significa demonstrar muito carinho pela criança. Se não houver limites, esta atitude dos pais poderá ter consequências danosas para o desenvolvimento da criança, que poderá apresentar no decorrer da vida, dificuldades de socialização e insegurança.
Além disso, poderá ocorrer distanciamento na relação conjugal quando o casal se transforma em pai e mãe e acaba se esquecendo de cultivar o relacionamento entre eles, porque o foco está exageradamente voltado para o filho. Já atendi no consultório vários casos de perda do apetite sexual neste contexto. A mulher se envolve tanto com as atenções à criança, que se desconecta de sua sexualidade. Não é raro ouvirmos o casal chamar um ao outro de “pai” e “mãe”, denunciando a dificuldade.
Ao iniciar as atividades escolares, a criança que aprendeu reinar o tempo todo em casa, vai repassar este comportamento para a escola e geralmente é neste momento que os pais começam a se preocupar diante das pontuações feitas por professores e orientadores pedagógicos.
Quando buscam orientação psicológica, é comum se queixarem do comportamento do filho, sem considerarem que foram eles, pais, que o colocaram nesta posição, que permitiram esta situação. Neste contexto, o filho não é o problema. É o sintoma de uma disfunção familiar. O trabalho do profissional, neste caso, é devolver aos pais o empoderamento necessário para conduzir a dinâmica familiar de forma amorosa e firme, revendo suas atitudes em relação à criança. Esta necessitará do profissional para a reeducação emocional. Vai aprender a se frustrar e saber dividir o que é seu, dar a vez para alguém, esperar o quanto for necessário para ter o que quer. Vai aprender que a vontade dos outros também existe e deve ser respeitada. Logo estará adaptada ao mundo, socializada, pronta para viver usando seu poder de forma cooperativa.
            Este trabalho com a criança somado à orientação aos pais tem apresentado bons resultados na minha prática clínica, quando os pais estão abertos para reverem seus conceitos, valores, crenças e experimentarem novo repertório comportamental. Dependendo do caso, o envolvimento nas orientações pode ser mais amplo, estendendo-se aos avós, babás, professores, enfim, pessoas que participam da rotina da criança.
Em nome do amor, pais e familiares educadores não sabem que estão dando muito mais poder do que a criança necessita para se tornar um ser humano saudável. Nunca é tarde para voltar atrás e dar novo direcionamento para esta difícil tarefa de educar.

KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica especialista em Análise Transacional e Consultora de empresas

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

DECISÕES DIFÍCEIS






DECISÕES DIFÍCEIS são tomadas ao longo da vida, em várias situações.


Nesta palestra, focamos os estados de ego e como eles atuam na nossa personalidade de forma a contribuir para a tomada das decisões.








Também falamos sobre as opções e estratégias para facilitar a nossa compreensão sobre a nossa realidade interna e externa e assim, podermos decidir de forma consciente os rumos que podemos dar para nossas vidas.

Os participantes da palestra fizeram perguntas e comentários em clima descontraído.

Nesta palestra, tivemos a presença de funcionários públicos, empresários, estudantes de psicologia, psicólogos, colaboradores de empresas, pessoas interessadas em ampliar o conhecimento sobre si e sobre o outro.







Nossa próxima palestra gratuita será em setembro, e nosso objetivo é abrir este espaço para que as pessoas possam entrar em contato com a teoria da personalidade criada por Eric Berne - ANÁLISE TRANSACIONAL  - com a oportunidade de ampliar não só conhecimento, mas também a oportunidade de encontro entre nós.

Para saber as datas e temas das palestras, você pode entrar em contato com a EGO CLÍNICA: 17 32332556 ou acompanhar as postagens nas redes sociais.
www.facebook.com.br/egoclinica

terça-feira, 4 de agosto de 2015

GESTÃO & DESENVOLVIMENTO

Convidada para abrir a série de palestras GESTÃO & DESENVOLVIMENTO, no Rio Preto Shopping Center, o encontro cultural promovido por Pericoco foi muito gratificante.

Tive a oportunidade de compartilhar com os presentes neste centro de compra, numa segundona à noite.

Em se tratando de Rio Preto, cidade com o termômetro nos 30 graus em pleno inverno, tenho muito a agradecer a todos que saíram de suas casas para me ouvir.

Sempre há quem queira investir em obter conhecimento.








E assim ficamos, papeando enquanto ao nosso redor, as pessoas faziam compras. Alguns paravam, ouviam, olhavam e quem sabe em outra oportunidade, estarão entre nós.


Gostei de contar meus causos e o tempo passou com perguntas, comentários e muita reflexão sobre Gestão de Pessoas. Adorei!




domingo, 2 de agosto de 2015

AME SUAS PERDAS!

Fonte: Super Ela

Certa vez perdi o homem da minha vida. Confesso, com todo o drama que exige uma boa fossa, que meu mundo caiu. Chorei vinte e quatro horas seguidas, levantei e fiz o que tinha que ser feito: seguir em frente.
Claro que por algum tempo não fui feliz. Mas percebi, como numa tragada de inspiração, que o homem da minha vida era completamente substituível.
De lá para cá, perdi três homens da minha vida e continuo de pé - e sorrindo, se quer saber.

Perdi também um grande amigo. Ele não morreu para o mundo, mas para mim, sim. Descobri uma traição daquelas que não se faz com melhores amigos. Encontrei muitos outros melhores amigos - alguns me traíram, alguns me consolaram, e todos foram embora. E outros sempre chegaram.

Noutro episódio triste da vida, perdi dois empregos - que tinha concomitantemnete - na mesma semana. A crise veio e não havia mais como pagar aos colunistas. "OK". Chorei por umas horas, refiz o orçamento, me ajustei, novamente, ao caos da vida como pude. Encontrei outros três empregos nos meses seguintes. Alguns me fizeram feliz, outros não e a todos perdi. E outros sempre chegaram.

A única certeza que temos na vida é de que, vez ou outra, perderemos. As pessoas vão embora, as crises vão chegar, nossos amigos vão nos trair. As perdas são essa realidade cruel que precisamos aceitar - e tirar proveito, sempre que possível. 

O barato disso tudo é que, sempre que perdemos algo importante, temos a oportunidade de enxergar com uma clareza que só a tristeza proporciona as tantas outras coisas importantes que ainda temos. E de perceber, com a perspicácia que só as crises nos trazem,  as outras tantas coisas importantes que chegarão. As perdas têm a indispensável função de nos fazer renascer. Cuidar do que ainda temos e lutar pelo que precisamos. 

Não tenho piedade dos bons perdedores - mas aqueles que ganham sempre, coitados, não têm a chance de enxergarem-se tais quais são: humanos, errantes, passíveis de terríveis perdas e sobretudo, capazes de reconstruir qualquer coisa que seja. E de deixar partir o que não lhes pertence.

Vencer é maravilhoso, especialmente para quem merece. Mas só na tristeza das perdas encontramos a delícia de renascer. Ame as suas vitórias, mas, sobretudo, as suas sábias perdas - elas sim nos apuram o paladar para o gosto bom de ganhar.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O AMOR FINO





Por Pe. Antonio Vieira em SERMÕES

O amor fino não busca causa nem fruto.
Se amo porque me amam, tem o amor causa;
Se amo para que me amem, tem fruto;
e amor fino não há-de ter porquê nem para quê.

Se amo porque me amam, é obrigação, faço o que devo;
Se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo.
Pois como há-de amar o amor para ser fino?

Amo quia amo; amo, ut amem;
amo porque amo, e amo para amar.

Quem ama porque o amam é agradecido.
quem ama para que o amem é interesseiro;

quem ama não porque o amam, nem para que o amem, só esse é fino.



sexta-feira, 24 de julho de 2015

GRATIDÃO



O nascimento de uma criança é sempre uma incógnita para quem a colocou no mundo. O que será que vai ser deste rebento? - é o que imagino meus pais pensando quando eu cheguei aqui na Terra, há 55 anos.
Recebi tanto tanto tanto carinho deles que ficou difícil não retribuir. E a forma como encontrei para fazer isso foi tomando a decisão: vou ser uma boa menina, tirar boas notas na escola, tocar músicas no piano, passar na faculdade, ser uma boa profissional, e tal e tal.
Hoje é meu aniversário e graças ao mundo virtual, pessoas distantes geograficamente estão destinando seu tempo a me desejar muitas bênçãos. É uma "viber" fantástica! Pessoas próximas estão me aquecendo com seus abraços e umidecendo a minha face com suas beijocas. Hoje o telefone tocou mais vezes e a campainha também. Pessoas queridas me desejando "tudebom".
Quero deixar aqui registrado a minha gratidão a Deus, pela vida que tenho, pelos pais amorosos que me paparicam até hoje, pela família linda que construí.
Gratidão pelos amigos que, mesmo longe não me esqueceram, mantendo-me perto de seus corações, suas lembranças. Gratidão por todos os meus amigos, que perto ou longe, entendem minha falta de disponibilidade para paparicá-los como merecem.
Gratidão pelos clientes que acreditaram e acreditam no meu conhecimento, confiam e valorizam o meu profissionalismo, minha garra e vontade em contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional deles e que acaba sendo também o meu.
Gratidão pelos que passaram pela minha vida e dela se desligaram sem motivo, sem briga, sem explicação. Apenas foram embora sem dizer adeus, deixando marcas, interrogações, experiência e às vezes, saudades.
Gratidão pelos que passaram pela minha vida e eu, sem desejar-lhes mal algum, decidi me desligar deles para preservar meus valores e até mesmo minha saúde.
Gratidão pelos conhecidos e desconhecidos que me desafiam a exercitar o perdão.
Gratidão pelos que me fotografam exatamente no momento da minha imperfeição e me mostram a foto, possibilitando-me buscar ser uma pessoa melhor.Gratidão pelos momentos de gargalhada nas poucas festas que posso ir.
Gratidão pelas minhas lágrimas secadas no colo de tanta gente que conseguiu se relacionar comigo como um ser humano normal, sem qualquer cobrança.
Gratidão pelas ausências compreendidas nas festas e reuniões familiares e embora ausente fisicamente, posso dizer que há um momento diário no qual eu me lembro de todos, nas minhas orações.
E por falar em orações, gratidão pela Casa Espírita Fé, Amor e Caridade, que me acolhe semanalmente para que eu possa cumprir minha missão de apoio aos necessitados e estudar as obras que elevam a compreensão sobre os desígnios de Deus.
Gratidão pelas pessoas que gostam de mim como sou e pelas pessoas que não gostam de mim exatamente por eu ser como sou.
Gratidão por você, que conseguiu chegar até o fim deste texto, por se interessar por mim.
Já vivi mais de meio século e estou à vontade para dizer que sinto muito orgulho deste ser imperfeito que sou.
Boas vibrações a todos! Que o Universo continue assim, generoso comigo! Feliz niver for me!



domingo, 28 de junho de 2015

ENTREVISTA REDE VIDA DE TELEVISÃO



Veja a matéria no link: 

O MOMENTO DA DECISÃO

Segundo Eric Berne, psiquiatra canadense, criador da Análise Transacional, todos nós temos um Script de vida, ou seja, elaboramos um roteiro, como uma peça de teatro, com começo, meio e fim, cujo conteúdo é a nossa própria história de vida. A elaboração deste Script começa muito cedo, na infância e adolescência, quando decidimos algumas coisas sobre nosso destino, sem termos adquirido informações suficientes sobre o mundo. Por esta razão, tais decisões são chamadas precoces e podem ser prejudiciais mais tarde na vida. Como estas decisões precoces ficam armazenadas no nosso inconsciente, não nos lembramos facilmente delas e atribuímos ao destino os acontecimentos que são desencadeados por nossas próprias atitudes. Para nos libertarmos de um Script de vida que não nos ajuda a sentir conforto diante do mundo, das pessoas e de nós, podemos elaborar um Plano de Vida consciente. Isso significa decidir abandonar crenças, comportamentos, que estavam “no automático”, parar e refletir: O que eu quero para mim? O que eu quero para a minha vida?
O momento da decisão é aquele no qual recusamos continuar a pensar, sentir e agir como sempre, dando-nos a PERMISSÃO para sermos felizes, que é a condição de príncipes e princesas à qual nascemos, segundo Berne.
O momento da decisão necessita PROTEÇÃO externa e interna. Para ter proteção externa, podemos contar com as pessoas que nos apoiam incondicionalmente. Amigos, familiares, um psicoterapeuta, enfim, pessoas que estimulam e acompanham nosso processo de crescimento psicológico. A proteção interna vem da nossa credibilidade em nós, quando tudo parece ser difícil.
O momento da decisão também pede que acionemos nossa POTÊNCIA, que vai atuar de forma a impulsionar nossas mudanças em direção aos nossos sonhos. Muitas vezes podemos até pensar que é uma questão de sorte. Mas não é. Como saber se chegamos se não pensamos aonde queremos chegar?
Quando tomamos a decisão de agir, pensar e sentir em determinada direção, muitas vezes temos que nos separar de coisas, objetos pessoais, hábitos e até mesmo pessoas. Temos que alterar a estrutura do tempo, rever nossas crenças, valores. E então, podemos cair em IMPASSES: o que eu quero para minha vida não é o que os outros querem que eu queira. E aí?
Abrir mão do que queremos significa seguir adiante com o Script de vida, que limita nosso bem-estar, felicidade, qualidade de vida. Sair do impasse e abandonar o Script significa renascer, reescrever nossa história. Eu posso. Você pode. Todos nós podemos.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica Analista Transacional, Consultora de Empresas diretora da EGO Clínica e Consultoria.

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O AMOR E O PRÓXIMO

Acredito no amor. Em todas as suas formas. Porque amar é um processo de contínua aprendizagem. À medida que vivemos, vamos modificando nossa maneira de sentir e expressar o amor. Vamos ficando mais à vontade, mais abusados para permitir amar e pronto! Sem dar muita satisfação a nós mesmos, apenas deixamos o amor acontecer.

Amor à natureza, amor aos animais, amor a quem acreditamos amar e amor a quem temos dificuldade de amar.

As experiências da vida nos convidam a exercitar o amor, a aperfeiçoa-lo e entende-lo no contexto de nossos relacionamentos.

O conteúdo das transações é o carinho, o afeto e sua forma mais pura e gratificante: o amor.

Por amor, nos aproximamos. Por amor, nos afastamos. Por amor, sorrimos. Por amor, choramos. Nosso silêncio pode ser uma das formas de expressar nosso amor. Nossas doenças, uma das formas de revelar a falta dele. Nossos atalhos para o amor geralmente são dolorosos, mas servem como mecanismo de sobrevivência em alguns momentos da vida. Nossos encontros e desencontros são apelos emocionais fartos de esperança para vivenciar o amor.

Não há uma única forma de amar. Cada um de nós ama do seu jeito.

O amor não tem dono. Por isso posse e amor não combinam. O ciúme é o amor doente. A raiva, o amor ao contrário. A indiferença revela a ausência do amor.

Nossos valores podem ditar quem devemos amar. Nossas condutas podem ser coerentes com os valores que determinam quem devemos amar. Porém, nosso coração sabe exatamente o que sentimos e por quem sentimos.

Amamos pessoas conhecidas e desconhecidas. Muitas vezes, amamos mais as desconhecidas do que as conhecidas, por ser mais fácil e superficial.

Como assim? Explico: muitas pessoas são muito caridosas, se engajam em ações que beneficiam “o próximo”. Sim, aquele próximo desconhecido, que passa fome, frio, dificuldades materiais. Fazem trabalhos voluntários, doações de tempo, dinheiro. São trabalhadores ativos em comunidades, convictos de estarem fazendo o bem “ao próximo”. E realmente estão. Envolvidos em um amor ao próximo desconhecido, muitas vezes não conseguem ter sensibilidade para amar “o próximo” conhecido. Aquele que trabalha na mesa ao lado, que mora na casa ou apartamento ao lado, aquele que cruzou no caminho da vida por algum motivo precisando não de um prato de comida, mas de um pouco de respeito e consideração. Sem estar faminto, com frio, calor, sede, ele não pede uma cesta básica. Se ele puder pedir algo, será: "que se coloque no meu lugar e faça a mim o que gostaria que lhe fizessem".  

Somos imperfeitos.
Que o nosso orgulho e covardia não nos impeçam de admitir, ao menos para a nossa consciência, o que podemos fazer por este nosso conhecido - o “próximo”.

KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga CRP 06/15951-5


domingo, 14 de junho de 2015

REPARAÇÃO




Quando os japoneses reparam objetos quebrados, eles enaltecem a área danificada preenchendo as fissuras com o ouro.
Eles acreditam que, quando algo sofre um dano e tem uma história, torna-se mais bonito.
A arte tradicional japonesa de reparação de cerâmica quebrada com um adesivo forte e spray, imediatamente após a cola, com pó de ouro, chama-se Kintsugi.
O resultado é que as cerâmicas não são apenas reparadas mas tornam-se ainda mais fortes do que seu estado original. Em vez de tentar esconder as falhas e fissuras, estas são acentuadas e celebradas como as que se tornaram, agora, as partes mais fortes da peça.
Kintsukuroi é o termo japonês para a arte de reparar com laca de ouro ou prata, o que significa que o objeto é mais bonito por ter sido quebrado.
Levemos essa imagem para o terreno do humano, ao mundo do contato com as pessoas que amamos e que, às vezes, ferimos ou nos ferem.
Quão importante resulta a reparação!
Como é importante também entender que os vínculos fissurados ou quebrados e nossos corações machucados, podem ser reparados com os fios dourados do amor e se tornarem mais fortes.
A ideia é que quando algo valioso se quebra, um bom caminho a seguir é não esconder sua fragilidade nem sua imperfeição, e repará-lo com algo que toma o lugar do ouro - vigor, virtude...
Isso mostra as imperfeições e fragilidades, mas também é uma prova de resiliência: a capacidade de recuperar-se, e são dignos de muita consideração.


(desconheço o autor)

domingo, 7 de junho de 2015

FILHOS FELIZES



FILHOS FELIZES
publicado na Revista Bem-Estar, Diário da Região em 07/06/15


Certa vez ouvi um pai se despedir de um filho dizendo: - Não faça nada de errado. O filho sorrindo perguntou ao pai: - Como vou saber o que você considera errado? O pai, após alguns segundos de silêncio, respondeu: - Considere errado tudo o que você fizer e não tiver coragem para me contar por achar que eu não vou gostar de saber.  O filho sorriu novamente e entrou com a mochila no ônibus. O pai, estático, ficou aguardando o veículo sair e por mais alguns segundos, ali permaneceu, pensativo. Ao encontrar meu olhar, sorriu e exclamou: -Filhos!

A expectativa começa antes de chegarem ao mundo. A escolha do nome é um dos primeiros sinais reveladores. Júnior deixa implícito seguir o modelo do pai. Neto, seguir o modelo do avô. Neymar sugere ser bem sucedido no futebol ou em algum esporte qualquer. E assim por diante. A escolha e a história do nome interferem mais do que se imagina, na trajetória de vida de quem o recebe.
Como, aonde, por que, por quem e em qual contexto chegou-se a este nome que você tem? Eric Berne, psiquiatra canadense, em seu livro “O que você diz depois de dizer olá?” nos mostra como o destino dos filhos pode ser influenciado pelas expectativas declaradas ou ocultas dos pais. Além do nome, há as mensagens verbais e não verbais transmitidas ao longo da vida, que procuram direcionar a trajetória dos rebentos e suas decisões. Mas nem sempre eles as acatam. Muitas vezes, conseguem transformá-las em algo totalmente contrário. Cada um é senhor de seu próprio destino.
Percebo a frustração de muitos pais com as escolhas feitas pelos seus filhos. Estes pais sonharam com outro tipo de vida para eles e não ajustaram a expectativa à realidade. Profissão, estilo de vestimenta, corte de cabelo, orientação sexual, as escolhas mais simples às mais complexas, podem gerar pontos de conflito entre pais e filhos por não haver compreensão de algo muito básico: filhos não são investimentos. Já dizia Khalil Gibran: “não procureis fazê-los como vós”.
Se os pais se empenharem em ter filhos felizes e saudáveis, darão sua contribuição à humanidade com grandes chances de sucesso. E neste caso, o sucesso será para ambos.
Para isso, a ciência nos dá algumas dicas, através das pesquisas realizadas ao longo dos anos e que não revelam nada de surpreendente. São comportamentos, atitudes e postura que os pais podem cultivar no convívio com os filhos. A maior dificuldade é realmente colocar em prática:
Dedique seu tempo brincando diariamente com os filhos. Ao chegar a casa, antes de tudo, brinque, sente-se no chão, entre no mundo da criança. Há muita dificuldade dos pais em fazer isso, principalmente das mães, que têm dupla jornada de trabalho. Quinze minutos que seja, pode fazer a diferença.
Evite atitudes negativas diante dos filhos, proporcione um clima agradável no lar, incentive-os a dizer o que pensam e sentem, permita a argumentação, incentive-os a ter novas experiências de vida.
Não force a perfeição. Vejo pais muito preocupados com o que os outros vão pensar e por conta disso, fazem pressão para que os filhos se ajustem a padrões sociais, levando-os para longe de suas reais necessidades emocionais e consequentemente de uma felicidade autêntica. A ausência de pressão e a presença do incentivo são o caminho para desabrochar a personalidade saudável.
Conheça seu filho, saiba respeitar seu perfil emocional. Pais às vezes querem que os filhos sejam de determinada maneira e quando não o são, tratam-no como se tivesse um defeito de fabricação. Muitas vezes recebo pais que me solicitam ajuda para mudar o filho e quando converso com o filho ele me solicita ajuda para ser respeitado na sua forma de ser. Há uma enorme distância entre o que o filho quer para a vida dele e o que os pais querem que ele queira.
Mais importante do que trabalhar muito para dar-lhes um futuro melhor, é dar-lhes um presente, com qualidade no relacionamento. Desenvolvendo a autonomia, eles serão autores de suas próprias conquistas. Todos os convites mundanos para caminhos insanos e perniciosos têm mais chances de serem recusados quando lhes oferecemos uma relação estruturada no amor.  
Filhos felizes se constroem na estrutura da família, na comunicação e respeito, mesmo quando os pais são divorciados. Família não significa pessoas morando na mesma casa.
Filhos felizes são frutos de pais felizes. Então, cuide de seus filhos, mas não se esqueça de cuidar também de você.

KÁTIA RICARDI DE ABREU

PSICÓLOGA (CRP 06/15951-5) clínica especialista em análise transacional e consultora de empresas.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

SEPARAÇÕES DOLOROSAS


"Tia, é o seguinte: levei um baita chute na b.... do meu namorado. Tá doendo véi. Dói muito"

Foi assim que uma adolescente me procurou e pensando nela, resolvi escrever um pouco sobre a dor da separação

Separações sempre são dolorosas e pedem um tempo de elaboração interna, até acabar a dor. Quero deixar registrado aqui algumas dicas que podem amenizar esta dor e encurtar este tempo de elaboração interna.

A intensidade da dor sentida ao se levar o "fora" não depende da intensidade do amor que a pessoa nutre pelo outro . Há outras variáveis que interferem neste processo.

Engana-se quem pensa que aquele que desencadeia a separação não sofre. Sofre sim. É um sofrimento diferente do sofrimento daquele que foi rejeitado (porque é exatamente isso que a pessoa vivencia - rejeição).
É bom lembrar que estamos falando de pessoas normais. Sociopatas não sofrem.

O foco destas minhas reflexões aqui registradas, será o sofrimento do rejeitado, que levou o tal "chute na b.....por ser a posição da adolescente que me levou a escrever sobre este assunto. E para isso, não vou usar apenas meu conhecimento como psicóloga, uma vez que, como ser humano e simples mortal que sou, posso dizer que esta dor eu já senti. Não apenas uma só vez, diga-se de passagem. Então, vou fazer um link comigo, deliberadamente. Não que eu seja expert neste assunto, tá? Mas tenho a minha contribuição a dar... 

E lá vão as dicas:

1- GRATIDÃO: Antes de tudo, seja grato à pessoa que não te quis. Ela está proporcionando a você uma grande oportunidade de rever muitos conceitos, reformular muitas atitudes suas que vão ser úteis para você se aprimorar cada vez mais no seu jeito de amar e expressar seu amor. Embora você só vá perceber esta vantagem mais adiante, vale a pena começar agradecendo, nem que seja "da boca pra fora". Vai aliviar a dor saber que ela não está sendo em vão.

2. AUTOESTIMA: O amor pelo outro nunca deve ultrapassar o amor a si, caso contrário qualquer relação torna-se inviável. Então, lembre-se de que você não nasceu grudada na pessoa que não te quis e que, antes de conhecê-la, você já existia  -  respirava, comia, dormia, se divertia, fazia de tudo sem ela. Vai se lembrar de que até se sentia feliz, tão feliz que conseguiu ser atraente o suficiente para que ela sentisse algo por você.

3. VALORIZE SEUS PONTOS FORTES: Tudo o que você é serviu para atrair este alguém um dia e servirá para atrair outro. Como dizem os adolescentes, "a fila anda..." Acredite que alguém em algum lugar deste mundo está a procura de um ser humano como você. 

4. RECONHEÇA SEUS PONTOS FRACOS: Pense, reflita, identifique, o que você pode fazer de diferente em seu próximo relacionamento. Ou simplesmente considere a possibilidade de o outro não te querer e isso estar relacionado a algo exclusivamente dele. Sendo assim, nada a ver com você. Continue seu caminho, siga em frente.

5. NÃO LAMENTE: Passado é passado. Pegue o calendário todos os dias e faça um risco no dia que passou. Olhe para seu futuro, sonhe, deseje, cante, dance, distráia-se com coisas belas. Tudo, menos ficar relembrando o que já não existe mais.

6. PENSAMENTOS ELEVADOS: Mantenha sua mente sempre com pensamentos bons quando se lembrar ou se referir à pessoa que interrompeu o relacionamento. Pense nela com carinho pelos momentos bons vividos e deseje a ela muita luz e amor, para que ela prossiga sua trajetória de vida em plena felicidade. Desejar a infelicidade ou qualquer tipo de mal às pessoas prejudica a você em primeiro lugar. Portanto, não faça isso. Cada um tem o direito de fazer suas escolhas. Então, respeite a escolha do outro, mesmo quando isso causa dor em você.

7. DESPEDIDA FORMAL: Em algum momento, faça o ritual de despedida. Imagine que a pessoa está na sua frente. Diga a ela tudo o que você quer dizer. Chore, se tiver vontade. Expresse seus sentimentos, mágoas, ressentimentos, sem acusá-la, sem responsabilizá-la pela sua dor. Apenas expresse suas emoções. Esta conversa imaginária pode acontecer quantas vezes você quiser, até esgotar. Você saberá que esgotou quando sentir que pode finalizar a conversa com um abraço de ser humano para ser humano, despedindo-se dela internamente. Agradeça a ela o tempo no qual estiveram juntos e diga que você está aberto(a) para o amor, mesmo que não seja com ela.

8. SAIA DE CENA: Até que consiga concluir esta etapa de elaboração interna, evite o quanto puder estar diante da pessoa que não te quis. Você corre o risco de se machucar se encontrá-la casualmente que seja. Provocar encontros então, nem se fale. É masoquismo. Dê um tempo. Se for inevitável vê-la, não deixe "a peteca cair": erga a cabeça, olhe nos olhos e não se sinta em desvantagem. Não foi você quem perdeu. Você tem seu amor para dar e não querer recebê-lo é um direito de quem não te quis, mas isso não coloca você em hipótese alguma, em posição inferior.

9. NÃO PROCURE SABER: Avise os amigos e quem for preciso que você não quer informações sobre o (a) ex. Não busque notícias nas redes sociais. Mude de canal. Esqueça!

10. TEMPO: Deixar o tempo passar ajuda, mas só isso, não resolve. Tenha projetos de vida gratificantes, envolva-se com coisas e pessoas agradáveis, descubra novos talentos em você, aprenda uma nova língua, programe uma viagem ou simplesmente concentre-se nas coisas que você tem de bom. Você vai ver que são muitas.

Para finalizar, posso assegurar que toda dor passa. Um dia você vai trombar com esta pessoa em algum lugar, mesmo que seja dentro da sua cabeça, vai acordar de manhã e lembrar de que sonhou com ela e  e vai se pegar dizendo: "puxa, como foi que eu pude... ". A prova final é tê-la diante de você e experimentar apenas o ítem um: GRATIDÃO! Mais nada! então, podemos dizer que passou. O traseiro não dói. O coração não dói. Nada doi. Você abre um sorriso para ela enquanto diz para você mesma: - Estou curada(o)!


domingo, 22 de fevereiro de 2015

O FIM

texto publicado em 22/02/2015 na Revista Bem-Estar, Jornal Diário da Região




Toda história tem começo, meio e fim. Pois bem, vamos falar do fim. Aquele the end da fita, sabe? As luzes do cinema se acendem e você ainda continua na poltrona, prostrada, incrédula, esperando um representante de Hollywood de terno e gravata aparecer na sua frente e dizer que já estão providenciando as filmagens da continuação da história. Mas como isso não acontece você se levanta e volta para casa, inconformada. É um sabor de “quero mais”, “não acredito que acabou”.
O fim de uma história pode ser feliz, infeliz, sem graça, triste, ridículo, mal feito, mas é fim. A-ca-bou! Os roteiristas de novelas campeãs de audiência, dificilmente conseguem elaborar um fim para a história e seus personagens, que agrade a própria audiência. Porque foi bom o que houve durante a história e de tão bom que foi, ninguém quer o fim. Então a gente ouve os comentários: “não gostei do fim”. Qualquer fim é difícil de aceitar, quando o desejo é que ele não aconteça.
E o THE END na vida real? Muitas vezes, não queremos aceitar o fim de nossas próprias histórias. O fechamento de nossos ciclos. Ou não queremos aceitar a forma como ocorreram. Quem já não se pegou desejando que tivesse sido diferente? Com uma pitada disso ou daquilo? Mesmo que a mocinha e o mocinho não fiquem juntos, felizes para sempre, queremos sair da fita de bem com a vida, para o bem de nossa autoestima, não é?
                Quando faço entrevistas de desligamento, nas empresas, procuro estimular o colaborador que está se demitindo ou está sendo demitido, a fechar este ciclo da forma mais confortável possível. É uma oportunidade de iniciar uma nova etapa, embora muitas vezes esta transição seja dolorosa e a despedida, triste. Porém, para que a pessoa possa visualizar as vantagens da nova etapa, ela precisa passar pelo luto da separação deste ciclo que se fecha.
                Separações sempre são tristes e dolorosas, mesmo quando a pessoa está indo para algo melhor. Tudo tem perdas e ganhos. Apesar de tristes e dolorosas, podem ser feitas com dignidade, sensibilidade. Pode haver alívio, quando a dor de permanecer no relacionamento é maior do que a dor da separação.
No amor, o fim pode ser trágico, passional Também pode ser suave. Depende do grau de maturidade emocional das pessoas envolvidas.
Certa vez recebi um casal no consultório decidido a colocar o fim no relacionamento. Sem brigas, eles conversaram durante muitas sessões sobre os bons momentos que passaram juntos, os motivos do desgaste no relacionamento e a vontade de iniciar uma nova etapa. Finalizaram ali na minha sala a relação conjugal com a proposta de iniciar uma relação de “ex” respeitosa, madura e humana. Com carinho, devolveram as alianças um para o outro de forma solene, se abraçaram e foram viver suas vidas separados, talvez mais unidos do que quando estavam morando debaixo do mesmo teto. Achei lindo quando o marido disse para a esposa que não tinha sentido continuar se ela não o amava mais. Mesmo que ele ainda a amasse. Ele iria seguir adiante, em busca do amor com alguém que pudesse corresponder. Mas infelizmente, este caso é a exceção. 
Entre namorados, as principais queixas são aquelas em torno do fim que demora a ser entendido. A pessoa se distancia e espera o outro desconfiar que ela decidiu colocar o ponto final no relacionamento. Decidiu que não quer mais e tem dificuldade de comunicar isso de forma direta à outra parte envolvida. Apenas a exclui da sua rota. Deleta, joga na lixeira o relacionamento e consequentemente a pessoa, que é desqualificada. Como assim? Você liga e ela não atende. Deixa recado e ela não retorna. Tenta pelo whatsApp e descobre que ela te bloqueou. Saiu do facebook, instagram, tudo. Ou saiu só para você. Trocou o número de telefone. Blindou-se de você. Declarada é a rejeição. Dupla é a dor: a da separação e a de como ocorreu a separação. O mais doloroso fim de todos os fins. Pior do que não querer mais é não dizer isso olhando nos olhos.
Demissões corporativas, rompimentos de relacionamentos, acontecem todos os dias.  E no dia seguinte, currículos são enviados, pessoas interessantes preenchem as lacunas nos relacionamentos dissolvidos, novos ciclos se iniciam. Ninguém morre por causa disso.
O fim pode simplesmente ser triste e ao mesmo tempo feliz, com lágrimas misturadas a sorrisos, dizendo adeus para uma etapa da vida sem deixar que as boas lembranças permaneçam. Este é o fim honroso, com chave de ouro que eu gostaria de assistir e vivenciar. E você?

KÁTIA RICARDI DE ABREU

Psicóloga, CRP 06/15951-5, especialista em Análise Transacional na área clínica e consultora de empresas.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

PESSOAS REAIS E PESSOAS IDEALIZADAS

Uma mesma pessoa são duas pessoas: aquela que 

desenhamos na nossa mente para satisfação de nosso desejos

 e necessidades e aquela que ela realmente é.

Quando entramos em contato com discrepâncias não 

devemos nos isentar da responsabilidade de termos feito o 

desenho distorcido.