texto publicado em 06 de julho de 2014 na Revista Bem-Estar, Diário da Região
Rótulo é
toda e qualquer informação de um produto que esteja transcrita em sua
embalagem. É uma forma de comunicação visual. Estereótipo é a imagem
preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. Usa-se a palavra
“rótulo” também para se referir a estereótipo.
Uma boa
conduta é evitar “rótulos”. Segundo Eric Berne, criador da Análise Transacional,
um cirurgião pode dizer: “será necessário retirar seu apêndice” ao invés de:
“você precisa fazer uma cirurgia”.
Uma pessoa
que ouve: “você precisa de um tratamento psicológico” pode até se ofender. Mas
se ouvir: “você deve dar atenção à sua saúde em todos os sentidos, inclusive
com profissionais que cuidam da parte emocional” poderá receber de outra forma
esta indicação.
As palavras
“tratamento psicológico” ou “psiquiátrico” são muitas vezes ofensivas,
alarmantes e ameaçadoras, para as pessoas que entendem o trabalho de
profissionais da área da saúde mental, como “cuidadores de loucos”.
Trata-se de um conceito infundado,
preconcebido, depreciativo e muitas vezes sem fundamento.
Consultas psicológicas não se restringem a
tratamentos. Muitas pessoas buscam profissionais da área da saúde mental para
orientações, esclarecimentos, manutenção do estágio de bem-estar já alcançado.
Empresários, executivos, líderes, buscam a manutenção do sucesso construído ao
longo de muitos anos de carreira. Querem
fazer um planejamento de vida orientado, ou ter um espaço seguro para um
desabafo e canalização saudável de suas emoções. Muitas pessoas decidem poupar
amigos e familiares das lamentações, preocupações e sentimentos incômodos do
dia-a-dia, reservando a eles, momentos de compartilhamento lúdico.
Os tratamentos psicológicos, por sua vez, não se
restringem aos distúrbios e desequilíbrios graves, que comprometem a
convivência com a coletividade e ou que colocam em risco a própria
sobrevivência da pessoa em desequilíbrio. Qualquer situação conflituosa, que
esteja causando o mínimo de desconforto interno e ou externo, poderá merecer a
atenção daqueles que não querem simplesmente deixar o tempo passar para que,
magicamente, tudo se resolva. Diante dos primeiros sinais ou sintomas buscam
ajuda profissional por terem a noção da importância mente/corpo.
A loucura propriamente dita pode ser vista de muitas
formas. Se considerarmos todo e qualquer desequilíbrio como loucura, pequeninas
loucuras são reveladas em todo momento. Quem já não se pegou perguntando: “será
que estou ficando louco?” No entanto, é a ausência de catexia (energia
psíquica) no Estado de Ego Adulto, impedindo que o raciocínio lógico comande a
ação, que vai provocar a ruptura do contato com a realidade.
Ainda sobre
a loucura, temos que considerar que, muitas vezes, a lucidez exacerbada pode ser
entendida como loucura por aqueles que não visualizam a realidade com tanta
nitidez, contaminados com suas normoses cotidianas.
Dizer: “fiz
uma loucura” pode significar uma audácia, uma permissão interna que gerou um
comportamento ousado, porém benéfico, ultrapassando os limites habituais
impostos pelo agente da ação. Nestes casos, estas chamadas “loucuras” merecem
aplausos.
Rótulos e
estereótipos são limitantes também do ponto de vista psicossocial. Quando
associados a sentimentos, caracterizam atitudes e preconceitos sociais. Poderíamos
poupar um bocado a nós e a todos ao nosso redor, se buscássemos a ampliação da
nossa consciência de tal forma que pudéssemos administrar os desconfortos
cotidianos com o potencial dinâmico da nossa mente agindo em nosso benefício.
Somos capazes de aprender coisas que nos fazem bem e o conhecimento das nossas
emoções trabalhando a nosso favor, é um aprendizado contínuo que nos garante
ficar muito longe da loucura.