- Qual é o seu ponto fraco?
Esta
é uma das perguntas que faço durante a entrevista de seleção. Parece que alguns
candidatos levam um susto. Fico imaginando o diálogo interno deles: - Como
assim? Isso é uma pegadinha? Se eu falar posso me prejudicar? Estou aqui para
mostrar minhas qualidades, como é que vou entregar o meu ponto fraco? Sei lá eu
qual é!
Insisto com
o candidato: procure identificar... há algo em você que pode ser melhorado?
Muitos resistem, dão respostas tangenciais, fazem um
profundo silêncio aguardando que eu desista e passe para a pergunta seguinte e
poucos, muito poucos, revelam ter consciência de seus pontos fracos.
Fraquezas:
fragilidades, imperfeições, falhas. Quem não as tem?
Forte é
quem tem consciência delas, pois para percebê-las, admiti-las, é necessário
passar pela humildade de se reconhecer imperfeito. Este processo pode ser
doloroso. Por esta razão o conhecer a si é tão evitado.
Forte e corajoso
é quem reconhece suas fraquezas e quando necessário as compartilha com o outro.
É quem as assume não como perpétuas, mas como transitórias no seu processo
evolutivo.
Ser fraco é
diferente de ter fraquezas. Ser fraco é não assumir as fraquezas, não as
transformar em aprendizagem, em lições de vida.
Ter
fraquezas é reconhecer-se como ser humano em crescimento, aguardando o tempo de
maturação para sair do casulo, é trabalhar silenciosamente na lapidação da
alma.
Jamais um
ser humano conhecerá sua própria força se não se confrontar com suas fraquezas,
e ao confrontá-las, não fazer delas uma desculpa, justificativa para estacionar
como botão que não se transforma em flor no jardim da vida.
As
fraquezas são pontos desafiadores que nos convidam a ser uma pessoa melhor, e
podermos um dia, olhar para trás com orgulho do caminho percorrido.
Não devemos
aceitar rótulos pelas nossas fraquezas. Não devemos considerar comentários
críticos sobre os pontos que estamos lapidando conscientemente. Podemos
considerar o que falam, mas não devemos acatar sem passar pela peneira da
reflexão. Há muita distância entre quem somos e como o outro percebe quem
somos.
No ambiente
de trabalho costumo dizer que, a pessoa considerada um problema em uma empresa
pode ser a solução para a outra empresa. O talentoso e ousado pode ser visto
como inconveniente. O dinâmico pode ser visto como ansioso. O que pode ser um
defeito para uma pessoa, pode ser uma qualidade para outra pessoa.
Fraquezas
não são defeitos. Fazem parte do conjunto de características que a pessoa
apresenta em determinado momento da sua vida. Alguns meses depois, podem não
mais existir. Muita cautela com os julgamentos, portanto, pois nada é
definitivo quando estamos diante de um ser humano.
KÁTIA RICARDI DE
ABREU
Psicóloga Clínica
e organizacional, especialista em Análise Transacional pela UNAT-BRASIL -CRP
06/15951-5