Muito já escrevi e publiquei sobre as conquistas da
mulher ao longo dos anos. Muito já falei em palestras sobre a histórica data de
8 de março, instituída pela O.N.U. como o dia Internacional da Mulher.
Hoje,
as comemorações não mais se limitam ao 08, avançam para todo o mês de março,
com promoções comerciais e festanças mil.
As
mulheres recebem descontos para trocar pneus do carro, recebem flores nas
empresas onde trabalham, batons de brinde em estabelecimentos comerciais e promessas
de transformações do visual em salões de beleza. Para elevar a autoestima e
reconhecer a grandeza da participação da mulher na sociedade, tudo é válido,
por que não?
Mas
eu, euzinha aqui, não quero cair na mesmice das coisas que já escrevi e falei
sobre o universo feminino. Contrariando minha tendência em ver sempre a parte
boa de tudo e de todos, quero convidar à reflexão do que está embaixo do
tapete. Então, este texto não é sobre as conquistas da mulher. Não é sobre
feminismo e igualdade de direitos, mas é sobre o que a mulher ainda não
conquistou.
Vivemos
numa sociedade eminentemente machista. A mulher sofre pressões, opressões,
humilhações, abusos, violência física e psicológica, assédio moral e sexual.
Sem contar os feminicídios frequentemente noticiados pela imprensa. É crescente
a participação da mulher na renda familiar, contribuindo também com a economia
nacional, mas com salários inferiores aos homens na mesma função. A mulher não
conquistou a igualdade de gênero e ainda sofre discriminação.
Segundo
dados do IBGE, existem 22 milhões (38,7%) de domicílios que contam com a mulher
como provedora e elas são responsáveis por 87% das famílias formadas por responsável
sem cônjuge e com filho. O mercado da moda, estética e emagrecimento, a chamada
indústria da beleza, desfruta dos lucros com a independência econômica da
mulher e o desejo de consumo. Exageros ficam por conta da carência afetiva.
Embora
a nossa sociedade machista tenha muita dificuldade em se comportar de forma
respeitosa em relação ao papel da mulher na sociedade contemporânea, as
próprias mulheres não se fazem respeitar, nesta altura da história. Diante de
tantas oportunidades para avançarem em suas conquistas, fazem movimentos
opostos, quando perdem a noção do bom senso desconstruindo a imagem de tantas
pioneiras batalhadoras. A desigualdade de gênero existe e machuca. Mas não
precisamos somar a isso, os danos da desconstrução. A mulher ainda não
conquistou o respeito a si, quando expõe a sua imagem de forma vulgar,
erotizada, objetificada. A mídia expõe a imagem da mulher da forma que convém
aos interesses mercadológicos e infelizmente, há aquelas que se submetem a
estes fins. Isso é triste!
Embora
bastante decepcionada e machucada com as humilhações, discriminações e assédios
que sofri (e ainda sofro) pelo simples fato de ser mulher, sinto orgulho por
esta condição. Gerei filhos, fiz jornadas de trabalho duplas e triplas e
aprendi a me fazer respeitar nas mais inusitadas e bizarras situações, mesmo
que ainda longe da tão sonhada igualdade de gênero.
- Mas, Kátia, você? Como
assim? – Pode perguntar o leitor (a).
Violência
e agressões passivas acontecem diariamente nos melhores salões e nas mais
cobiçadas salas do mundo corporativo. Não me sinto inferior nem superior a
ninguém. Sou simplesmente um ser humano. Sou simplesmente uma mulher. E
parafraseando uma das campanhas publicitárias, posso maquiar meu rosto, mas
meus sentimentos, nem pensar! Tintim!
Kátia Ricardi de
Abreu
Psicóloga CRP
06/15951, Diretoria da Ego Clinica e Consultoria
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