publicado em 18 de agosto de 2013 na Revista Bem-Estar, Diário da Região
Ela me
disse entusiasmada: estou fazendo arranjos,
buquês, vasos decorativos, olha só esta foto (e num piscar de olhos a foto
apareceu na tela – que beleza!). E ela continuou teclando absurdamente rápido,
compartilhando comigo todos os detalhes da sua mais recente conquista:
transformar sonho em realidade.
A
professora doutora que está virando florista planejou deixar de dar aulas,
saturada e desgastada com a profissão, para se dedicar a uma atividade que
parece fazê-la sentir-se leve e feliz.
Virar a
mesa, mudar o rumo da vida envolve motivação, coragem, planejamento. Eric Berne
afirmava que podemos fazer nosso plano de vida consciente e livre de destino. O
mundo está repleto de histórias assim: sonhei, fui lá e fiz! Geraldo Vandré
cantou: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. É a revolução da alma, da
carreira, do que quisermos!
Vamos então
falar das flores. Aquelas que você colhe porque plantou. Aquelas que você
cultiva dia após dia torcendo para que todas as variáveis contribuam para o seu
esplendor: água, sol, sombra, terra, adubos, o que mais vier!
Não vamos
falar das lamentações enfadonhas que chegam às raias da irritação após o
período de tentativas compreensíveis sobre a construção da infelicidade. Sim,
porque existem pessoas altamente capacitadas e preparadas, diplomadas e
sacramentadas neste assunto: o que fazer para as coisas não darem certo. Quais
coisas? Tudo. O casamento, a carreira, os relacionamentos, a vida navega sempre
na contramão da felicidade para elas.
Vamos falar
só das flores. Aquelas cuja semente
germina no âmago de cada um quando não poupa credibilidade em si para se
adentrar em projetos calculadamente estudados. Aquelas flores que nos fazem
lembrar à generosidade do Universo, que por meio de tantas espécies, encantam
os olhos de quem as vê, na sua singular existência em cada estação do tempo.
Somos criaturas nascidas para cultivar nossos dons em benefício da humanidade.
É o que fazemos quando colocamos no trabalho o prazer de trabalhar.
Não vamos
falar das lutas e labutas para ganhar dinheiro a qualquer preço, sem respeitar
a ética das relações com os nossos semelhantes e com a natureza, fazendo da
profissão, seja ela qual for, o caminho mais fácil para a amargura de uma
consciência pesada e endividada. Com a conta bancária em crédito, mas com a
conta moral em débito é possível ser feliz?
Vamos
continuar a falar delas, das flores! Da parte boa de cada um que floresce
quando encontra sua vocação para a vida, quando descobre a paixão de acordar a
cada manhã para fazer o que gosta e voltar para casa trazendo cansaço e
realização em todos os sentidos, inclusive financeiro, que neste caso se torna
mera consequência.
E assim,
tricotei longamente sobre os planos da mais jovem empresária no ramo das
flores, a professora doutora que se cansou de alunos que não querem aprender,
de provas que não quer mais aplicar nem corrigir.
No final da nossa conversa virtual, pedi
permissão para ela: “posso escrever algo sobre sua história? Posso falar das
flores e da sua coragem de mudar o rumo da sua carreira profissional?” Ela
sorriu largamente e disse: “sobre as flores? Claro... mas então aproveite e
escreva que eu estou solteira e que
quero mudar também sobre isso, quem sabe alguém se interessa por este detalhe”.
Foi então a minha vez de abrir um largo sorriso. A mudança estava acontecendo
muito além das flores. E você leitor? Também abriu um sorriso neste momento?
Kátia
Ricardi de Abreu
Psicóloga
CRP 06/15951-5 especialista em análise transacional
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