publicado em 21 de dezembro de 2014 na Revista Bem-Estar
Honestidade:
do latim, honos, que significa
dignidade e honra. Indica a qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não
fraudar, não enganar.
O conceito
de honestidade está deturpado, confundido, distorcido, contaminado. Indivíduos
honestos são chamados de “caretas”, “babacas” diante de uma sociedade atual
transformada em seus valores.
Quando faço
entrevistas para contratar colaboradores para as empresas, é comum ouvir em
algum momento da entrevista: “sou honesto”. No mundo corporativo, só o tempo
poderá confirmar o grau de honestidade de quem se diz honesto. Já na prática
clínica, testemunho diariamente a mais pura honestidade que um ser humano pode
manifestar, quando assume a coragem de reconhecer em si e para si, suas emoções
autênticas, revelando sua busca para uma vida da qual se orgulhe, buscando
mudanças que afetem seu caráter e sua personalidade de forma positiva,
abandonando decisões disfuncionais e comportamentos que nada contribuem para
seu bem-estar.
Temos
momentos de honestidade, momentos de não honestidade e momentos de quase
honestidade, se fizermos uma reflexão honesta sobre nós. Somos emocionalmente
honestos sempre? Aposto que não! Não somos honestos quando não praticamos a
clareza na comunicação nas nossas relações interpessoais, provocando confusão e
perplexidade no interlocutor. Antes disso, não somos honestos quando não
entramos em contato com nossos sentimentos autênticos, mascarando, disfarçando
as emoções para atingirmos objetivos convenientes, moral e socialmente aceitos.
Não somos honestos quando buscamos justificativas pífias para nos enganar e
assim, confortavelmente caminhar numa verdade maquiada. Não somos honestos
quando recusamos mergulhar em níveis mais aprofundados de consciência que podem
nos garantir doses de autoconhecimento suficientes para incomodar àqueles que
não conseguem conviver com nuances de certo/errado. Ou isso ou aquilo. Ou preto
ou branco. Ou vai ou fica. Ou eu ou ele (a).
Para ser
honesto com Maria, Pedro é desonesto com Joana. Bom seria que Pedro fosse
honesto com Pedro. E com esta leitura emocionalmente honesta sobre si, Pedro
poderia ser quem é. E isso bastaria. Dar-se permissão para ser quem é
caracteriza a mais pura honestidade na comunicação emocional. É a forma mais
distante de qualquer tipo de traição de si. Porque trair as próprias emoções é
exercitar a não honestidade existencial. E o mundo está cheio de traições de si
para não trair o outro.
Temos um
quadro de referência interno, que filtra aquilo que convém para confirmar
nossas crenças pré-estabelecidas. Quando os estímulos contrários às nossas
crenças são enviados, nós os recusamos para não perdermos o pseudoequilíbrio,
vivendo emocionalmente em paz com nossa honestidade travestida. Isso garante a homeostase para uma
vida limitada na nossa criatividade, espontaneidade, intimidade e consciência.
A falta de
honestidade emocional começa no ambiente familiar quando se proíbe à criança a
expressão honesta de seus sentimentos. A
psique em formação descobre maneiras de reprimir e canalizar a emoção
indiretamente, desenvolvendo estratégias para expressá-la de forma quase
honesta. “Sinta o que você sente”, é a permissão que a criança necessita,
seguida de: “e expresse o que você sente de forma adequada”. Educadores e pais bons o bastante, podem estimular
crianças a construírem relacionamentos emocionalmente honestos. Adultos podem
se resgatar através do processo de reeducação emocional. Assim, sapos
confortáveis serão transformados em príncipes e princesas, envolvidos pela
honestidade de suas emoções e construirão relacionamentos saudáveis.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
PSICÓLOGA CRP06/15951-5 especialista em
Análise Transacional
www.katiaricardi.com.br
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