Ex-namorado,
ex-marido, ex-esposa, ex-presidente, ex-funcionário, ex-ficante, ex-sogra,
ex-isso, ex-aquilo. Uma das coisas mais difíceis é ser ex. Saber sair de cena
com dignidade, equilíbrio e categoria.
Nas relações
amorosas, ser ex é um verdadeiro teste de diplomacia. Já vi gente criar perfil
fake para seguir o ex. O outro extremo também acontece: ignorar o ex, fingir
que não o conhece. Não dá para se comportar como se a pessoa nunca tivesse
feito parte da vida. Por mais traumático que tenha sido o relacionamento ou o
rompimento, um dia a coisa foi boa, senão não teriam ficado juntos por algum
tempo. O amor acabou (mesmo?), mas o respeito, a consideração, pode continuar e
esta é a arte de ser ex.
Que coisa feia
quando a pessoa sai falando para quem quiser ouvir, sobre aspectos da
intimidade do ex. Conta seus defeitos, expõe seus pontos fracos mais
constrangedores, diz que ele tem chulé, mau hálito e disfunção erétil. Que ela
tem cabelo postiço, cheiro de bacalhau e ronca à noite. Barbaridade!
Os segredos do
casal devem permanecer entre o casal mesmo que o relacionamento acabe. Abra o
dicionário e procure pelo verbo “acabar”. Lembre-se de que o que acabou foi
apenas esse relacionamento. Outros virão. E o principal: a vida não acabou. Poderá
ficar melhor ainda com as lições sobre o que não fazer e o que fazer para ter
uma relação amorosa duradoura.
Ciúme de ex é
bizarro. A mulher não pode cumprimentar o ex, porque o namorado atual briga com
ela, no estilo “teu passado te condena”. O homem tem que jogar fora o rolex e a caneta Montblanc presenteados pela ex porque a namorada atual é só
chilique quando vê esses objetos. Ora, se ocorrem problemas com o ex, é porque
ele ainda é! A separação física pode ter ocorrido, mas a psicológica, ainda não.
Ex-funcionário
também pode dar “bafão”, sair falando mal da empresa e das pessoas com quem
trabalhou. Jogar sinuca no boteco contando as intimidades corporativas e
passando informações gratuitas, tomar cerveja com os ex-colegas de trabalho
para atualizar as fofocas. Nada mais antiético!
A mídia revela
diariamente o quanto é difícil ser ex. Prestem atenção nas declarações de ex-presidentes,
ex-alguma-coisa na área política. É difícil voltar a ser um simples mortal
depois de tantos holofotes, tapetes vermelhos, festas com mesas cativas, destaques
em revistas e jornais e todos os aparatos do poder.
Ex-amigo é uma
tristeza. Penso que amigos nunca deixam de ser amigos. Podem se afastar, se
separar, se distanciar, se estranhar. Rompimento definitivo na amizade é sinal
de decepção das grandes, quando se descobre que aquela criatura parecia ser uma
coisa e era outra. O ex-amigo costuma deixar profundas cicatrizes na alma.
Passageiros
chegam, passageiros partem na estação da vida. Assim também é no coração de
cada um de nós. Reavaliamos e reformulamos constantemente nossos vínculos.
Abrimos e fechamos ciclos de convivência. Como fazer isso de forma madura e
saudável? Acenar sorrindo, despedir-se mansamente, sem amarguras faz parte da
arte de ser ex.
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