domingo, 28 de fevereiro de 2016

IMPACTOS

(publicado na Revista Bem-Estar, Diário da Região, em 28 fevereiro 2016)


Impactar: causar forte impressão. Há vídeos no Youtube que exemplificam como as pessoas buscam impacto de suas ações. Fiquei impactada ao assistir, por acaso, um deles: um jovem segurando apenas na mão de outro jovem, dependurou-se de um prédio enquanto com a outra mão segurando o celular, fez uma “selfie”. Ou seja, ele fotografou-se naquela posição suicida. Fiquei com frio na barriga pensando que ele poderia ter morrido se caísse daquela altura. Minha imaginação chegou até à mãe dele. Onde estaria essa criatura? Trabalhando? Passeando em algum shopping center? Ai Jesus!
As pessoas se filmam e se fotografam nas mais esquisitas, patológicas, engraçadas e bizarras situações. Querem deixar sua marca, registrar sua existência para uma plateia globalizada. Um vídeo viral é um vídeo que se popularizou muito rapidamente, fez sucesso na web. Pessoas comuns querem sair do anonimato através de comportamentos impactantes nas redes sociais, não importa quanto tempo dure.
Havia uma forma tradicional de impactar muito antes da “era www”. Comum, “luluzinhas” da escola na disputa por bobagens soltarem a pergunta seguida da resposta: quer aparecer? Coloca uma melancia na cabeça! Há-há-há!
Melancias à parte, há quem cause impactos positivos sem a menor intenção de fazê-los. E se queremos um mundo melhor, se acordamos e dormimos pensando que estamos vivendo a cada dia para tornar este mundo mais decente, certamente estamos causando muitos impactos. É o caso de pessoas que fazem o que gostam com dedicação, afinco, foco. Não precisa ser um Stanislav Petrov Yevgrafovich, que impediu uma guerra nuclear entre os EUA e a URSS em 1983. Como? Ele servia como coronel das Forças de Defesa Aérea Soviéticas quando o sistema de alerta nuclear do seu centro de comando acusou a informação de que os EUA haviam lançado um míssil e este estava vindo exatamente na sua direção. Stanislav analisou o relatório mantendo a cabeça fria e entendeu que a situação se tratava de um alarme falso e foi esta a informação que passou para seus superiores, evitando uma retaliação nuclear. Ele salvou o mundo literalmente. Não é necessário ter uma inteligência acima da média. Qualquer um poderá impactar positivamente o mundo dando o melhor de si.
Seja qual for o seu propósito, não se desvie dele, não se distraia com atalhos ilusórios, siga seu caminho acreditando no seu propósito e sua vida fará a diferença para as pessoas com quem você convive. Seus amigos ficarão impactados com sua presença entre eles, sua família ficará impactada com a convivência com uma pessoa como você, seus vizinhos ficarão impactados com seu aceno mesmo que de longe ao avistá-los, seus colegas de trabalho receberão diariamente o impacto da sua contribuição profissional e assim por diante.
Não importa a idade que você tem, não importa o que você faz, faça. Apenas faça. Lave sua roupa, limpe sua casa com tanto amor e dedicação que qualquer pessoa ficará impactada com o cheirinho gostoso de limpeza. Tenha um coração amoroso e aberto para aprender cada vez mais, buscando melhorar o que faz continuamente. Compartilhe seus talentos e conhecimentos, ofereça suas opiniões contrárias pacificamente, construa relações autênticas. Promova mudanças, nem que seja nas suas gavetas, no seu armário, no trajeto que faz, na sua forma de pensar, de sentir, de agir. Não tenha receio de desagradar quando está firme e confiante nos seus propósitos. Não vacile diante das críticas, siga em frente, ignore abordagens antiéticas, destrutivas que andam na contramão de resultados edificantes. Faça vista grossa para as calúnias, confusões insanas. Aprenda que o caminho percorrido é tão importante quanto a linha de chegada. E lembre-se de que, seu status no mundo é uma responsabilidade que lhe foi dada através da sua existência.
Honrar sua posição com humildade vai causar um enorme e anônimo impacto no coração daqueles que puderem trocar com você um simples olhar. Que seja um olhar impactante!



KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga clínica e organizacional especialista em Análise Transacional
CRP 06/15951-5



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Kátia Ricardi de Abreu entrevistada no programa Saúde & Cia.




Agradeço a oportunidade de participar deste programa e ser entrevistada por pessoas tão admiráveis e competentes como o Dr. Braile e a jornalista Elma Bassan.




quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

PROGRAMAÇÃO PRÓXIMOS EVENTOS

Começamos 2016 com o convite para você fazer seu investimento no seu crescimento pessoal e profissional:

EM MARÇO teremos 2 CURSOS:

CURSO 1: 

Dias 1, 2 e 3 - CURSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO AT-101 - DAS 19H30 ÀS 22H30

CURSO 2:

Dias 12 e 19 - CURSO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO AT-101 - DAS 8H ÀS 18HS -
Este horário foi aberto a pedido de pessoas de cidades da região.

LOCAL: EGO CLÍNICA (RUA ONDINA, 44 - REDENTORA, SÃO JOSÉ DO RIO PRETO-SP)

PÚBLICO ALVO: pessoas interessadas em compreender comportamento humano através da abordagem criada por Eric Berne, Análise Transacional. Profissionais e estudantes da área da saúde, educação, recursos humanos, gestores, líderes, orientadores de carreira, estudantes, etc.

PROGRAMA:

1. O que é Análise Transacional - Eric Berne, sua vida, sua obra
2. Características da AT - como se especializar
3. Compreendendo a Personalidade - como se estrutura e como funciona - Estados de Ego
4. Transações - Regras de Comunicação - Relacionamentos Saudáveis e Tóxicos - Como lidar com pessoas difíceis.
5. Reconhecimento Humano - cuidando da sobrevivência emocional - Os experimentos de Harlow, Spitz, Levine - As leis de escassez e abundância de Carinho (Steiner).
6. Maneiras de se posicionar diante da vida - as Posições Existenciais e os relacionamentos a partir delas.
7. Jogos Psicológicos - como estabelecer relacionamentos saudáveis. Como não entrar e como sair de relacionamentos tóxicos.
8. Os Compulsores e os Permissores de Conduta - entendendo o Míni Script.
9. Script x Plano de vida - vencedores e perdedores - livrando-se das amarras do destino.

CERTIFICAÇÃO OFICIAL DA UNAT-BRASIL

DOCENTE: KÁTIA RICARDI DE ABREU, PSICÓLOGA CRP06/15951-5 graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 1982, Membro Certificado Clínico pela Associação Latino Americana de Análise Transacional (ALAT), Membro Didata em formação pela União Nacional de Analistas Transacionais (UNAT-BRASIL), especialista em Análise Transacional pela UNAT/FATEP. Atuante na áreas clínica e organizacional desde 1983. Atual presidente da UNAT-BRASIL.

INVESTIMENTO: R$ 300,00 ou 3 parcelas de R$ 120,00

INSCRIÇÕES: 17 32332556/ 17 997724890

VAGAS LIMITADAS





segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

MEDEIA E A FÚRIA NARCÍSICA

Vamos refletir sobre relações amorosas, a dor diante das rupturas e as possibilidades de elaborações.
Após uma separação, é muito frequente alimentar ressentimento em relação ao ex parceiro. A dor vivenciada com a culpabilização do outro, coloca-o na posição de algoz enquanto se permanece na clássica posição de vítima. Este sentimento, no entanto, torna inviável a superação.
Quem não ouviu falar em Medeia? Figura mítica de mulher que tudo sacrificou em nome de sua exigência de amor por um homem, para obter o amor de Jasão, não hesitou em perpetrar todo tipo de transgressão, inclusive matar os próprios filhos.
Temos então, o protótipo da mulher que busca exclusividade no desejo de um homem. Quando perde o amor do seu homem ela “se” perde. Experimenta a angústia não da perda real do objeto amado, mas da perda do amor por parte dele. Seu medo é ser abandonada pelo parceiro e perder seu amor, porque tem necessidade e total dependência uma vez que abdicou de sua própria vida em favor dele. Isso a faz pensar que poderá exigir o amor deste homem, pedir provas como recompensa por sua dedicação. Sua fragilidade narcísica percebe o parceiro como indispensável ao seu equilíbrio e isso a faz lançar mão do controle e da posse. Acusa-o de traidor pelo simples fato de existir fora da relação. Nada pode ser feito sem que ela esteja incluída e qualquer outro relacionamento passa a ser ameaçador.
De objeto desejado, temos na paixão patológica, perversão do amor, o objeto necessário, insubstituível, e sua perda implicaria em aniquilamento. A ansiedade de perde-lo faz aumentar a cobrança, a avidez, o controle e ela finalmente o perde. Quando constata que este amor é oferecido a outra mulher, suas emoções são extremas e podem chegar a altos graus de destrutividade com a perda do controle da razão.
A pessoa narcisicamente vulnerável, se acomete por sentimentos de fúria, quando o objeto amado deixa de viver de acordo com as expectativas que depositou nele. Esta fúria narcísica responde a uma ferida narcísica. Surge então necessidade de vingança, perseguição àquele que é identificado como algoz. Visto como inimigo, passa a ser alvo de destruição e a heroína de Eurípedes deseja-lhe os mesmos sofrimentos e humilhações por ela vividos. A atitude vingativa imbuída de irracionalidade, revela sua agressividade arcaica. O ódio e a satisfação sádica do sofrimento e degradação do objeto amado, entram em ação. O amor não pode ser renunciado. Assim, Medeia é personificada em crimes passionais e em processos tramitando em Varas de Família.
Sigmund Freud, em “Luto e Melancolia”, indica a necessidade de um tempo determinado para o trabalho de luto ser concluído e o ego se ver novamente livre e desinibido para novas investidas libidinais. A ruptura de uma relação amorosa requer um trabalho psíquico, e elaboração de um processo de luto. A Medeia sente dificuldade em elaborar este luto, sua ferida dói não porque perdeu o objeto amado, mas porque perdeu um lugar que julga ser seu de direito. Ela quer reconhecimento de um suposto valor.
A melancolia indica que um trabalho de luto não pôde ser realizado, a libido não foi retirada do objeto amado e isso impede qualquer outro investimento afetivo.
As separações litigiosas, mantidas durante anos, são alimentadas quando os envolvidos não conseguem elaborar a separação psiquicamente. Mais do que contrariedades e frustrações vivenciadas em qualquer rompimento, torna-se ofensivo para aqueles que têm intensas necessidades narcísicas, constatar que o outro é independente e está conseguindo gerenciar sua vida após o rompimento.
A capacidade de reparação depende da maturidade do casal e a ruptura poderá despertar soluções criativas em prol da felicidade em substituição a movimentos que levam à destruição, desgaste e mais conflitos. Cada parceiro pode assumir a sua parte da responsabilidade nesta história que vinha sendo construída por ambos. Perdoar, analiticamente falando, não significa esquecer. Implica reconhecimento do próprio desamparo e o do outro.
Citando as palavras sobre o Amor Fino, de Padre Antônio Vieira, em “Sermões”: Quem ama porque o amam é agradecido. Quem ama para que o amem é interesseiro. Quem ama não porque o amam nem para que o amem, só esse é fino.
Eu diria que só esse é amor! Quando se rompe um relacionamento, podem acabar todas as formas de amar, menos uma:  o amor de ser humano para ser humano. Qualquer um é digno de receber este amor, principalmente aquele que já partilhou momentos que não serão esquecidos porque foram bons.

Kátia Ricardi de Abreu
Psicóloga CRP 06/15951-5 especialista em Análise Transacional