Ser contratual
é uma das principais características da Análise Transacional, teoria da
personalidade criada por Eric Berne (1910-1970). Isso significa que deve
existir clareza nos propósitos e objetivos do tratamento psicológico. Contrato
psicológico é um acordo formal entre o Estado de Ego Adulto do terapeuta e o
Estado de Ego Adulto do cliente, em uma linguagem suficientemente simples para
se atingir um objetivo realista e mensurável. Este objetivo deve satisfazer às
expectativas razoáveis do cliente, bem como algumas das necessidades e desejos
de sua Criança interna. A personalidade do terapeuta deve se sentir confortável
com o estabelecimento deste acordo.
O contrato
terapêutico tem como objetivo facilitar para que a pessoa encontre um modo de
ser funcional para ela e para os outros, saindo de suas amarras inconscientes.
Um contrato psicológico geralmente envolve alguma mudança de atitude,
comportamento, pensamento e sentimento. O cliente deve empenhar-se para atingir
o objetivo desejado e o terapeuta deve empenhar-se em utilizar seus
conhecimentos para que o cliente faça as descobertas que o levem a isso.
Fora do
contexto terapêutico também fazemos contratos em todo momento. Combinar um
encontro para tomar um simples cafezinho com um amigo é um contrato que envolve
especificações: onde, como, quando. Nada assinado. Tudo na palavra. A clareza
na comunicação é fundamental. É importante combinar o que fazer se não puder ir
e desnecessário confirmar o que já está combinado. Significa duvidar da
combinação inicial.
Conflitos nas
relações interpessoais que podem até mesmo chegar aos tribunais geralmente são
contratos sem clareza, sem especificações, carregados de distorções muitas
vezes com forte carga emocional contaminando o raciocínio lógico. Uma das
partes entende uma coisa e a outra entende outra coisa.
Pessoas que dedicam tempo e energia fazendo
bons contratos são consideradas, respeitadas, admiradas. A palavra assumida e
cumprida revela o caráter, a idoneidade, a habilidade relacional. Inspira
confiança quem é pontual nos acordos que faz. Até mesmo quando não faz, avisa
que não vai fazer e por que.
Voltar atrás e
refazer contratos ou rescindi-los faz parte da postura ética e constrói
relacionamentos apoiados na liberdade com respeito e consideração das partes
envolvidas.
Há uma
expressão antiga chamada “no fio do bigode”, usada para ilustrar a garantia da
palavra através de um fio da própria barba, retirado geralmente do bigode;
trata-se do empenho verbal para o cumprimento de qualquer acordo, atitude
considerada honrada e ética. Durante décadas, nossos antepassados usaram esta
expressão para se referirem a negócios fechados sem documento assinado,
apoiados apenas na palavra. Foi um tempo no qual a reputação e a honra eram de
grande valor para qualquer pessoa. Não era o Serviço de Proteção ao Crédito e
sim a fama de boca em boca que determinava essa reputação.
Quando o sim é
sim e o não é não a comunicação e o relacionamento se tornam agradáveis,
honestos e, portanto, saudáveis.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica e Organizacional
17 32332556
Publicado em 21/10/2012 - Revista Bem-Estar - Diário da Região
Análise Transacional é contratual
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