publicado na Revista Bem-Estar, Diário da Região, 12 de maio 2013
Conta o vocalista da banda Jota Quest que uma pessoa
da família lhe pediu: “faz uma música fácil de cantar!” O pedido foi atendido: “Fácil,
extremamente fácil, pra você, eu e todo mundo cantar juntos”.
Transportando para a vida, será que é possível tornar
a vida fácil? Para você, eu e todo mundo vivermos juntos? Podemos compor uma
vida onde impera a harmonia dentro de nós e nos nossos relacionamentos?
Muitas vezes observo as pessoas dificultando a
realidade, fazendo manobras habilidosas para tornar as coisas mais difíceis do
que poderiam ser. Por que? Por falta de conhecimento de atalhos ou de caminhos
mais diretos que poderiam leva-las sem tantos desgastes aos objetivos
almejados. Muitas nem mesmo se arriscam a darem os primeiros passos por perceberem
a realidade através das vidraças embaçadas de seus próprios referenciais.
Diante de cada possível solução, elas automaticamente dizem: “é difícil!” e
colocam um ponto final, sem investir muito pensamento.
Mas, assim como a canção, há quem torne a vida
lucidamente fácil. Simples sem ser simplista.
Simples e rica, bela, dinâmica, norteando ações cujo resultado pode ser
uma vida farta de boas surpresas.
Vida fácil não é aquela na qual tudo vem de “mão
beijada”, sem fazer qualquer tipo de empenho. Porque se torna difícil conviver
com tantas facilidades que não foram conquistadas, que não brotaram das
próprias escolhas.
Vida fácil não
é aquela na qual o dinheiro resolve tudo (resolve mesmo?) ou na qual as
preocupações não existem ou são banais. Porque se torna difícil conviver com o tédio.
Vida fácil pode
ser a sua, a minha, a vida de qualquer pessoa que aceita a realidade sem
conformismo, com sabedoria e gratidão. Podemos fazer movimentos para mudar a
realidade com atitudes equilibradas, prezando acima de tudo o respeito a si ao
invés de criarmos expectativas muito altas em relação às nossas metas, às
pessoas, às situações que não estão sob nosso controle.
Situações potencializadas e denominadas “problemas”
sem solução ou de difícil solução, são construídas nas nossas mentes e nos
fazem acreditar que a vida não é nada fácil, não pode ser fácil para ninguém,
principalmente nestes tempos tão difíceis, ora!
E
quando os tempos não foram difíceis? Charles Dichens já em 1854 escreveu a obra
“Tempos Difíceis”, importante contribuição que introduziu a crítica social na
literatura de ficção inglesa. Naquela época, áreas trágicas da vida e da
opressão humana foram relatadas no estilo romance.
Na nossa sociedade contemporânea, temos tragédias e
temos dificuldades sim, mas qual é o tempo que dedicamos às lamentações sobre
elas? Qual é a energia que consumimos durante a fase: “não acredito que isso
está acontecendo e pior, acontecendo comigo!” Há quem fique muito mais tempo do
que o necessário nesta fase, sem perceber que a paisagem mudou, a chuva passou
e o sol já está brilhando lá fora. Porque é muito mais fácil ficar se
lamentando do que pensar. Sim, pensar na solução. Nas alternativas para seguir
adiante. Principalmente quando a solução depende de mudanças pessoais, de
adaptações que não estamos dispostos a fazer, de reorganizações internas e
externas para transformar lágrimas em sorrisos, distâncias em encontros.Fácil é
se vitimizar diante da vida sem assumir responsabilidades e movimentar-se
através de ações que promovam o rompimento do que nos causa mal-estar.
Dentro de nós
está a paz e até mesmo as fatalidades podem nos beneficiar no processo
evolutivo. Vamos transformar nossas vidas numa canção agradável de cantar,
escrevendo nossa história dia a dia com episódios inéditos e inesquecíveis.
Fácil assim!
Kátia Ricardi de
Abreu
Psicóloga Clínica especialista em Análise Transacional e
consultora de empresas
17 32332556
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