domingo, 28 de junho de 2015

ENTREVISTA REDE VIDA DE TELEVISÃO



Veja a matéria no link: 

O MOMENTO DA DECISÃO

Segundo Eric Berne, psiquiatra canadense, criador da Análise Transacional, todos nós temos um Script de vida, ou seja, elaboramos um roteiro, como uma peça de teatro, com começo, meio e fim, cujo conteúdo é a nossa própria história de vida. A elaboração deste Script começa muito cedo, na infância e adolescência, quando decidimos algumas coisas sobre nosso destino, sem termos adquirido informações suficientes sobre o mundo. Por esta razão, tais decisões são chamadas precoces e podem ser prejudiciais mais tarde na vida. Como estas decisões precoces ficam armazenadas no nosso inconsciente, não nos lembramos facilmente delas e atribuímos ao destino os acontecimentos que são desencadeados por nossas próprias atitudes. Para nos libertarmos de um Script de vida que não nos ajuda a sentir conforto diante do mundo, das pessoas e de nós, podemos elaborar um Plano de Vida consciente. Isso significa decidir abandonar crenças, comportamentos, que estavam “no automático”, parar e refletir: O que eu quero para mim? O que eu quero para a minha vida?
O momento da decisão é aquele no qual recusamos continuar a pensar, sentir e agir como sempre, dando-nos a PERMISSÃO para sermos felizes, que é a condição de príncipes e princesas à qual nascemos, segundo Berne.
O momento da decisão necessita PROTEÇÃO externa e interna. Para ter proteção externa, podemos contar com as pessoas que nos apoiam incondicionalmente. Amigos, familiares, um psicoterapeuta, enfim, pessoas que estimulam e acompanham nosso processo de crescimento psicológico. A proteção interna vem da nossa credibilidade em nós, quando tudo parece ser difícil.
O momento da decisão também pede que acionemos nossa POTÊNCIA, que vai atuar de forma a impulsionar nossas mudanças em direção aos nossos sonhos. Muitas vezes podemos até pensar que é uma questão de sorte. Mas não é. Como saber se chegamos se não pensamos aonde queremos chegar?
Quando tomamos a decisão de agir, pensar e sentir em determinada direção, muitas vezes temos que nos separar de coisas, objetos pessoais, hábitos e até mesmo pessoas. Temos que alterar a estrutura do tempo, rever nossas crenças, valores. E então, podemos cair em IMPASSES: o que eu quero para minha vida não é o que os outros querem que eu queira. E aí?
Abrir mão do que queremos significa seguir adiante com o Script de vida, que limita nosso bem-estar, felicidade, qualidade de vida. Sair do impasse e abandonar o Script significa renascer, reescrever nossa história. Eu posso. Você pode. Todos nós podemos.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica Analista Transacional, Consultora de Empresas diretora da EGO Clínica e Consultoria.

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O AMOR E O PRÓXIMO

Acredito no amor. Em todas as suas formas. Porque amar é um processo de contínua aprendizagem. À medida que vivemos, vamos modificando nossa maneira de sentir e expressar o amor. Vamos ficando mais à vontade, mais abusados para permitir amar e pronto! Sem dar muita satisfação a nós mesmos, apenas deixamos o amor acontecer.

Amor à natureza, amor aos animais, amor a quem acreditamos amar e amor a quem temos dificuldade de amar.

As experiências da vida nos convidam a exercitar o amor, a aperfeiçoa-lo e entende-lo no contexto de nossos relacionamentos.

O conteúdo das transações é o carinho, o afeto e sua forma mais pura e gratificante: o amor.

Por amor, nos aproximamos. Por amor, nos afastamos. Por amor, sorrimos. Por amor, choramos. Nosso silêncio pode ser uma das formas de expressar nosso amor. Nossas doenças, uma das formas de revelar a falta dele. Nossos atalhos para o amor geralmente são dolorosos, mas servem como mecanismo de sobrevivência em alguns momentos da vida. Nossos encontros e desencontros são apelos emocionais fartos de esperança para vivenciar o amor.

Não há uma única forma de amar. Cada um de nós ama do seu jeito.

O amor não tem dono. Por isso posse e amor não combinam. O ciúme é o amor doente. A raiva, o amor ao contrário. A indiferença revela a ausência do amor.

Nossos valores podem ditar quem devemos amar. Nossas condutas podem ser coerentes com os valores que determinam quem devemos amar. Porém, nosso coração sabe exatamente o que sentimos e por quem sentimos.

Amamos pessoas conhecidas e desconhecidas. Muitas vezes, amamos mais as desconhecidas do que as conhecidas, por ser mais fácil e superficial.

Como assim? Explico: muitas pessoas são muito caridosas, se engajam em ações que beneficiam “o próximo”. Sim, aquele próximo desconhecido, que passa fome, frio, dificuldades materiais. Fazem trabalhos voluntários, doações de tempo, dinheiro. São trabalhadores ativos em comunidades, convictos de estarem fazendo o bem “ao próximo”. E realmente estão. Envolvidos em um amor ao próximo desconhecido, muitas vezes não conseguem ter sensibilidade para amar “o próximo” conhecido. Aquele que trabalha na mesa ao lado, que mora na casa ou apartamento ao lado, aquele que cruzou no caminho da vida por algum motivo precisando não de um prato de comida, mas de um pouco de respeito e consideração. Sem estar faminto, com frio, calor, sede, ele não pede uma cesta básica. Se ele puder pedir algo, será: "que se coloque no meu lugar e faça a mim o que gostaria que lhe fizessem".  

Somos imperfeitos.
Que o nosso orgulho e covardia não nos impeçam de admitir, ao menos para a nossa consciência, o que podemos fazer por este nosso conhecido - o “próximo”.

KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga CRP 06/15951-5


domingo, 14 de junho de 2015

REPARAÇÃO




Quando os japoneses reparam objetos quebrados, eles enaltecem a área danificada preenchendo as fissuras com o ouro.
Eles acreditam que, quando algo sofre um dano e tem uma história, torna-se mais bonito.
A arte tradicional japonesa de reparação de cerâmica quebrada com um adesivo forte e spray, imediatamente após a cola, com pó de ouro, chama-se Kintsugi.
O resultado é que as cerâmicas não são apenas reparadas mas tornam-se ainda mais fortes do que seu estado original. Em vez de tentar esconder as falhas e fissuras, estas são acentuadas e celebradas como as que se tornaram, agora, as partes mais fortes da peça.
Kintsukuroi é o termo japonês para a arte de reparar com laca de ouro ou prata, o que significa que o objeto é mais bonito por ter sido quebrado.
Levemos essa imagem para o terreno do humano, ao mundo do contato com as pessoas que amamos e que, às vezes, ferimos ou nos ferem.
Quão importante resulta a reparação!
Como é importante também entender que os vínculos fissurados ou quebrados e nossos corações machucados, podem ser reparados com os fios dourados do amor e se tornarem mais fortes.
A ideia é que quando algo valioso se quebra, um bom caminho a seguir é não esconder sua fragilidade nem sua imperfeição, e repará-lo com algo que toma o lugar do ouro - vigor, virtude...
Isso mostra as imperfeições e fragilidades, mas também é uma prova de resiliência: a capacidade de recuperar-se, e são dignos de muita consideração.


(desconheço o autor)

domingo, 7 de junho de 2015

FILHOS FELIZES



FILHOS FELIZES
publicado na Revista Bem-Estar, Diário da Região em 07/06/15


Certa vez ouvi um pai se despedir de um filho dizendo: - Não faça nada de errado. O filho sorrindo perguntou ao pai: - Como vou saber o que você considera errado? O pai, após alguns segundos de silêncio, respondeu: - Considere errado tudo o que você fizer e não tiver coragem para me contar por achar que eu não vou gostar de saber.  O filho sorriu novamente e entrou com a mochila no ônibus. O pai, estático, ficou aguardando o veículo sair e por mais alguns segundos, ali permaneceu, pensativo. Ao encontrar meu olhar, sorriu e exclamou: -Filhos!

A expectativa começa antes de chegarem ao mundo. A escolha do nome é um dos primeiros sinais reveladores. Júnior deixa implícito seguir o modelo do pai. Neto, seguir o modelo do avô. Neymar sugere ser bem sucedido no futebol ou em algum esporte qualquer. E assim por diante. A escolha e a história do nome interferem mais do que se imagina, na trajetória de vida de quem o recebe.
Como, aonde, por que, por quem e em qual contexto chegou-se a este nome que você tem? Eric Berne, psiquiatra canadense, em seu livro “O que você diz depois de dizer olá?” nos mostra como o destino dos filhos pode ser influenciado pelas expectativas declaradas ou ocultas dos pais. Além do nome, há as mensagens verbais e não verbais transmitidas ao longo da vida, que procuram direcionar a trajetória dos rebentos e suas decisões. Mas nem sempre eles as acatam. Muitas vezes, conseguem transformá-las em algo totalmente contrário. Cada um é senhor de seu próprio destino.
Percebo a frustração de muitos pais com as escolhas feitas pelos seus filhos. Estes pais sonharam com outro tipo de vida para eles e não ajustaram a expectativa à realidade. Profissão, estilo de vestimenta, corte de cabelo, orientação sexual, as escolhas mais simples às mais complexas, podem gerar pontos de conflito entre pais e filhos por não haver compreensão de algo muito básico: filhos não são investimentos. Já dizia Khalil Gibran: “não procureis fazê-los como vós”.
Se os pais se empenharem em ter filhos felizes e saudáveis, darão sua contribuição à humanidade com grandes chances de sucesso. E neste caso, o sucesso será para ambos.
Para isso, a ciência nos dá algumas dicas, através das pesquisas realizadas ao longo dos anos e que não revelam nada de surpreendente. São comportamentos, atitudes e postura que os pais podem cultivar no convívio com os filhos. A maior dificuldade é realmente colocar em prática:
Dedique seu tempo brincando diariamente com os filhos. Ao chegar a casa, antes de tudo, brinque, sente-se no chão, entre no mundo da criança. Há muita dificuldade dos pais em fazer isso, principalmente das mães, que têm dupla jornada de trabalho. Quinze minutos que seja, pode fazer a diferença.
Evite atitudes negativas diante dos filhos, proporcione um clima agradável no lar, incentive-os a dizer o que pensam e sentem, permita a argumentação, incentive-os a ter novas experiências de vida.
Não force a perfeição. Vejo pais muito preocupados com o que os outros vão pensar e por conta disso, fazem pressão para que os filhos se ajustem a padrões sociais, levando-os para longe de suas reais necessidades emocionais e consequentemente de uma felicidade autêntica. A ausência de pressão e a presença do incentivo são o caminho para desabrochar a personalidade saudável.
Conheça seu filho, saiba respeitar seu perfil emocional. Pais às vezes querem que os filhos sejam de determinada maneira e quando não o são, tratam-no como se tivesse um defeito de fabricação. Muitas vezes recebo pais que me solicitam ajuda para mudar o filho e quando converso com o filho ele me solicita ajuda para ser respeitado na sua forma de ser. Há uma enorme distância entre o que o filho quer para a vida dele e o que os pais querem que ele queira.
Mais importante do que trabalhar muito para dar-lhes um futuro melhor, é dar-lhes um presente, com qualidade no relacionamento. Desenvolvendo a autonomia, eles serão autores de suas próprias conquistas. Todos os convites mundanos para caminhos insanos e perniciosos têm mais chances de serem recusados quando lhes oferecemos uma relação estruturada no amor.  
Filhos felizes se constroem na estrutura da família, na comunicação e respeito, mesmo quando os pais são divorciados. Família não significa pessoas morando na mesma casa.
Filhos felizes são frutos de pais felizes. Então, cuide de seus filhos, mas não se esqueça de cuidar também de você.

KÁTIA RICARDI DE ABREU

PSICÓLOGA (CRP 06/15951-5) clínica especialista em análise transacional e consultora de empresas.