segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

FAXINA

FAXINA

Dia ensolarado e quente. Minha inquietude fazia borbulhas dentro de mim. Quem sabe se eu fizesse alguma coisa... arrumar o meu armário! Isso! Arrumar armários, gavetas, nunca é demais! A gente sempre encontra alguma coisa ali guardada que desperta alguma lembrança ou que já está na hora de descartar.

Lá fui eu toda animada, apesar da temperatura estar mais propícia para um mergulho, obviamente não dentro do armário.

E de repente me peguei fazendo uma faxina muito mais interna do que externa. Borbulhava em mim sentimentos, emoções, que eu fui levemente conectando, ouvindo, decifrando. Foi inevitável. Dormi e amanheci angustiada, mas pronta para minhas decisões.

Hoje o dia está nublado, a temperatura mais amena. O sol não brilha tão audaciosamente como ontem. Coloco meus tênis para uma caminhada e sei que lá vou eu novamente mergulhar dentro de mim enquanto caminho.

Que coisa mais irritante, não consigo sair da subjetividade! Ou talvez deva fazer uma outra leitura de mim. Parar de me incomodar com este meu lado que pode estar mais para corajoso do que para irritante. Talvez... Porque é preciso muita coragem para fazer uma faxina interna.

Lá vou eu dar meus passos longos e rápidos na calçada da vida. Lá vou eu abandonar o que não mais me faz bem e percorrer caminhos desafiadores na estrada evolutiva.

A angústia ainda me ronda. Mas sei que logo chegarei  naquele lugar confortável dentro de mim, que me diz: Kátia, foi melhor assim!

Mais tarde vamos brindar a passagem para um novo ano. Eu vou brindar mais que isso. Vou brindar a passagem para uma nova etapa da minha vida.

Tim-tim! Feliz vida nova!

Kátia Ricardi de Abreu



domingo, 23 de dezembro de 2012

FELIZ MUNDO NOVO



FELIZ MUNDO NOVO!

Um dos mais antigos povos da América Central, os Maias, conhecidos até hoje pela sua forma estruturada de entender ciência, história, arte e religião, apontaram 2012 como o fim de um ciclo na Terra. O calendário Maia chama a atenção de filósofos e cientistas, por sua exatidão e mistérios, citando 2012 como um ano de mudanças em nosso planeta. A profecia Maia não fala em fim do mundo, mas em um processo de transformação onde haverá evolução para esferas mais altas, imperando a harmonia.
A Agência Espacial Americana (NASA) divulgou um vídeo, através do cientista Don Yeomans, com respostas às várias teorias que se popularizaram sobre o fim do mundo, tendo em vista o grande número de cartas recebidas, enviadas por crianças e adultos preocupados com os rumores do apocalipse.
Algo parecido ocorreu por ocasião da virada do milênio.  Havia rumores de que o mundo iria acabar no ano 2000. Realmente, aquele mundo acabou, e uma nova era surgiu com a expressiva aceitação da internet e dos avanços tecnológicos. O comportamento humano passou a se adaptar ao “ponto com” e apesar de muitas críticas e resistências, o mundo virtual está aí dando novo perfil para as relações humanas. Crianças usam celulares, adolescentes namoram pelo Messenger, pessoas de todas as idades se comunicam pelo Facebook. Escrevo estas linhas no meu computador e envio o texto para o jornal com apenas um clique no mouse em substituição à máquina de datilografar, que virou peça de museu. Houve, portanto, o fim de “um tipo de mundo” e não o fim do mundo.
Podemos acreditar em uma nova era de esperança e conscientização, que não diz respeito à mudança em nossa Galáxia - esta segue seu ciclo imutável. O que pode e deve mudar é a consciência da humanidade no que concerne à sua evolução e isso começa dentro de cada um de nós.  A atitude do ser humano pode mudar para uma esfera de compreensão e integração nas relações interpessoais e em tudo que se refere ao Universo.
Através de transformações internas, uma nova realidade poderá surgir. Segundo os Maias as transformações e evoluções da consciência alcançarão a comunicação pelo pensamento. É o início da era de luz e transparência. É a renovação da esperança na vida.
Aproveite este tempo para recomeçar. Dê uma nova chance a você. O mundo não acabou, ainda estamos aqui! Mas você pode acabar com as coisas que não fazem bem para você e para a humanidade.  Recomece pelos gestos mais simples, pelas palavras mais fáceis, pelas atitudes aparentemente insignificantes, pelas pessoas com quem você se sente mais à vontade. Faça por você, pela sua evolução e você estará contribuindo para a evolução de todos. Coloque na sua agenda um recomeço por dia, um pensamento diferente, um olhar sem julgamentos, uma leitura descontaminada da realidade.
 Ao invés de fim do mundo, podemos ter o fim do medo. E também o fim do sofrimento, das dores, das mentiras, da falsidade, dos excessos, do desequilíbrio.
Podemos pensar em uma existência sem violência, escassez, ameaças, desigualdades, crises, escândalos, aproximando-nos cada vez mais do amor e da fraternidade. E assim construiremos um mundo no qual brilhará a sua, a minha, a nossa luz! “Porque embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Feliz mundo novo!

Kátia Ricardi de Abreu
Psicóloga Clínica e Organizacional Diretora da EGO Clínica e Consultoria
17 32332556













domingo, 21 de outubro de 2012

NO FIO DO BIGODE




Ser contratual é uma das principais características da Análise Transacional, teoria da personalidade criada por Eric Berne (1910-1970). Isso significa que deve existir clareza nos propósitos e objetivos do tratamento psicológico. Contrato psicológico é um acordo formal entre o Estado de Ego Adulto do terapeuta e o Estado de Ego Adulto do cliente, em uma linguagem suficientemente simples para se atingir um objetivo realista e mensurável. Este objetivo deve satisfazer às expectativas razoáveis do cliente, bem como algumas das necessidades e desejos de sua Criança interna. A personalidade do terapeuta deve se sentir confortável com o estabelecimento deste acordo.
O contrato terapêutico tem como objetivo facilitar para que a pessoa encontre um modo de ser funcional para ela e para os outros, saindo de suas amarras inconscientes. Um contrato psicológico geralmente envolve alguma mudança de atitude, comportamento, pensamento e sentimento. O cliente deve empenhar-se para atingir o objetivo desejado e o terapeuta deve empenhar-se em utilizar seus conhecimentos para que o cliente faça as descobertas que o levem a isso.
Fora do contexto terapêutico também fazemos contratos em todo momento. Combinar um encontro para tomar um simples cafezinho com um amigo é um contrato que envolve especificações: onde, como, quando. Nada assinado. Tudo na palavra. A clareza na comunicação é fundamental. É importante combinar o que fazer se não puder ir e desnecessário confirmar o que já está combinado. Significa duvidar da combinação inicial.
Conflitos nas relações interpessoais que podem até mesmo chegar aos tribunais geralmente são contratos sem clareza, sem especificações, carregados de distorções muitas vezes com forte carga emocional contaminando o raciocínio lógico. Uma das partes entende uma coisa e a outra entende outra coisa.
 Pessoas que dedicam tempo e energia fazendo bons contratos são consideradas, respeitadas, admiradas. A palavra assumida e cumprida revela o caráter, a idoneidade, a habilidade relacional. Inspira confiança quem é pontual nos acordos que faz. Até mesmo quando não faz, avisa que não vai fazer e por que.
Voltar atrás e refazer contratos ou rescindi-los faz parte da postura ética e constrói relacionamentos apoiados na liberdade com respeito e consideração das partes envolvidas.
Há uma expressão antiga chamada “no fio do bigode”, usada para ilustrar a garantia da palavra através de um fio da própria barba, retirado geralmente do bigode; trata-se do empenho verbal para o cumprimento de qualquer acordo, atitude considerada honrada e ética. Durante décadas, nossos antepassados usaram esta expressão para se referirem a negócios fechados sem documento assinado, apoiados apenas na palavra. Foi um tempo no qual a reputação e a honra eram de grande valor para qualquer pessoa. Não era o Serviço de Proteção ao Crédito e sim a fama de boca em boca que determinava essa reputação.
Quando o sim é sim e o não é não a comunicação e o relacionamento se tornam agradáveis, honestos e, portanto, saudáveis.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
Psicóloga Clínica e Organizacional
17 32332556
Publicado em 21/10/2012 - Revista Bem-Estar - Diário da Região 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

FELIZES PARA SEMPRE

Sou de uma geração na qual o casamento é o sonho de toda mulher. Uma das etapas fundamentais da vida. Não havia espaço na sociedade para mulheres solteiras. E foi numa noite quente de outubro, cercada de lírios na nave da igreja da Redentora que realizei este sonho. Com a bênção do saudoso padre Chico, adentrei-me de mãos dadas com meu pai, pelo tapete vermelho, ao som do Bolero de Ravel.
Cada detalhe foi cuidadosamente planejado para aquele dia especial: 10 de outubro de 1987. Hoje, 25 anos depois, tenho uma família. Bruno chegou em 1990 e Marco em 1995.
Casamento não é mar de rosas. O que posso dizer é que o respeito, a admiração e a atração são ingredientes que mantém a chama acesa.
Ceder, contornar, voltar atrás, reconsiderar, abrir mão, renunciar, avançar, bater o pé, sapatear, não abrir mão, não renunciar, fazem parte da convivência. Acordar e dormir ao lado de uma pessoa é um exercício de relacionamento que envolve habilidade de ambas as partes.
Meu marido não é um príncipe, minha vida conjugal não é um conto de fadas, minha casa não é o castelo encantado e minha felicidade não é inventada. É real. É verdadeira.

Sou grata pelo meu relacionamento! Tim-tim! É prata!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

MUITO ALÉM DO ESPELHO

MUITO ALÉM DO ESPELHO
“Porque a beleza da mulher é o clima dela” – A. Távola
Beleza: juízo de valor, não mensurável, não comparável, variável histórica e geograficamente. Após a guerra, a “boa aparência” passou a ser esperada, para não dizer exigida, no mercado de trabalho. A mulher passou a se preocupar com a beleza estética e ditada, confundindo-se, comparando-se e até mesmo sentindo-se feia por seu biótipo não fazer parte dos 0,5% das mulheres que simbolizam as modelos do mundo fashion.
O conceito de beleza feminina foi se modificando, e hoje, já encontramos a mulher evoluída, desenvolvida na percepção de si: muito mais do que estar, ela  quer se sentir bonita. Portanto, a opinião alheia deixou de ser o referencial. Até mesmo o espelho não é mais o termômetro quando cuidar-se ultrapassou os limites da vaidade.
A beleza é um estado de espírito, é saber respeitar os próprios limites e a própria individualidade. Ser bonita é ser feliz.
A mulher bonita tem um retrato mental de si, que a agrada. Um realce aqui, outro lá, com certeza irá elevar a autoestima. A “produção” sem dúvida potencializa a beleza, quando usada adequadamente. Mas não existe roupa, sapato, bolsa, perfume, nada, que possa fazer uma mulher se sentir bonita apenas pelos adornos que ela usa. Porque beleza é mais que isso. É uma sensação íntima de segurança em relação a si, é a consciência da própria adequação que não vem de fora para dentro. E isso nada tem a ver com convencimento.
Quando a mulher se sente exclusiva, única e portanto bela, fica envolta por uma energia positiva conhecida como “sedução”. Assim, quando o amado poeta Vinícius de Moraes disse: “que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”, entendo que sua visão arrojada estava além da estética.
Ser bela é sentir-se bela muito além do espelho. Vale lembrar que não há beleza sem saúde. Quando não associada à qualidade de vida, a beleza torna-se doença, podendo causar distúrbios psicológicos ou até mesmo a morte. Alimentação, exercícios físicos, repouso, cuidados pessoais, espiritualidade, postura, potencializam a beleza física, que é mais do que o número visto na balança, que a medida do quadril ou da cintura, que a cor dos cabelos.
A mulher bonita gosta de si e não se compara a ninguém. Desenvolve sua identidade estética e não compete. Sabe que há diferentes belezas e valoriza-as.  Satisfeita com sua singularidade, inclui no seu conceito de beleza a felicidade, as realizações pessoais, o humor, a cultura, a simpatia, a dignidade, a integridade.
 Realiza-se de tal forma e exala tanta beleza que acaba encontrando alguém suficientemente sensível para contemplá-la, admirá-la e amá-la, não pela cor dos seus olhos, mas pelo brilho que eles têm.