quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
SIMPLES ASSIM!
Quem me conhece sabe. Gosto de coisas simples. Simples assim! Com um toque de "passei por aqui", como uma marca registrada.
Mas estou falando da simplicidade cuidada.
Porque tem a simplicidade desleixada.
O simples bem cuidado fica com um toque especial. Carinho no simples. É isso!
Com um pouco de criatividade, tempo disponível e amor esbanjando pelas mãos, qualquer pessoa pode transformar um cantinho em algo aconchegante e especial.
E isso faz bem para a alma. Concretiza, cristaliza. Dá cor, cheiro e forma para o amor.
Quando estamos estressados, cuidar de detalhes pode distrair e provocar uma catarse. Acontece como se tivéssemos a varinha mágica para transformar lágrimas em sorrisos, aliviar dores até mesmo físicas. Jardins, vasinhos, lacinhos de cá e de lá contam as histórias que não podemos ou não queremos transformar em palavras.
Não importa as tendências de decoração. Combina sempre. Cafona? Nunca. O que é seu, o que vem de você, é o seu estilo e pronto.
Qualquer crítica, é inveja. Qualquer desvalorização, é falta de sensibilidade.
Com recursos disponíveis e dentro do orçamento, seu cantinho se transforma no melhor lugar do mundo. É categoria cinco estrelas.
Sua personalidade expressada nas cores, texturas, contrastes entre o velho e o novo. Cada objeto contando uma história, sussurrada só para você.
Já experimentou?
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
CASTANHAS, MARTELOS, A FAMÍLIA E O NATAL
publicado no livro "Natal em palavras", pg.75
Abro
a agenda e o pensamento logo desabrocha da mente e às vezes escapa pelos
lábios: nossa, o Natal está chegando! Já? Como passou rápido o ano!
Para
mim, a magia do Natal está nos pequenos detalhes e além dos bonecos de Papai
Noel, árvores, luzinhas e arranjos. É um tempo que convida à renovação e
atualização de planos, entrar em um processo intenso de cura emocional, fazer
uma faxina interna, renascer.
Nesta época do
ano, deixo a nostalgia chegar intensa. Não tem como ficar sem lembrar o gosto
do encontro ao redor daquela mesa na casa dos meus avós. Logo ao entrar pela porta da sala ainda criança eu avistava a
árvore de Natal caseira, feita de um galho de jabuticabeira, com jatos de spray
prata e algumas bolas coloridas. Vozes, muitas vozes vinham de todos os
cômodos. Uma algazarra total. Movimento, vida, alegria, encontros com tios,
primos e algumas pessoas estranhas. Observadora, não demorei em concluir que os
“estranhos” eram visitantes e convidados da dona Tita - como era chamada minha
querida e amada avó. Meu avô distribuía martelos da sua coleção para pequenos
consertos domésticos e assim quebrarmos as castanhas, naquela época com preços
mais acessíveis no mercado. O barulho dos martelos na mesa de madeira quebrando
nozes e avelãs me convidava a imaginar os anões do Papai Noel fazendo os
brinquedos na Grande Oficina do Polo Norte.
Presentes?
Ora, presentes... Foram apenas detalhes nestes dias incomuns de minha vida. Não
havia presente maior e melhor para mim do que este: minha família ali
aguardando o relógio carrilhão da sala de jantar dar as badaladas da meia
noite. Silêncio. Nem um “pio” nesta hora. Ao redor das mesas juntadas em
formato banquete, todos em pé, ouviam a prece feita por meus avós. Eles
agradeciam tudo que estava acontecendo ali, em nossas vidas e pediam para Jesus
abrandar o sofrimento de todos os doentes nos hospitais e das pessoas que
estavam distantes daqueles que amavam. Nesta parte da oração minha garganta
ficava como se uma mão invisível estivesse apertando-a e eu pensava que quando
ficasse adulta faria alguma coisa para aliviar o sofrimento das pessoas, de
alguma forma. Uma decisão precoce para ser psicóloga?
Depois
da prece, quem não chorou acabava chorando: todos se abraçavam, sem exceção. Se
alguém ali havia se desentendido com alguém, era a hora de se reconciliar, sob
os olhares vigilantes das autoridades na cabeceira da mesa (vovô e vovó). Sim,
esperávamos Papai Noel. Porém, mais que presentes, ele nos trazia a alegria de
pertencer, de sonhar, de amar. Para perpetuar a reunião familiar, dona Tita
tinha um gravador com um microfone e cada um era entrevistado, deixando ali sua
mensagem de Natal. Tenho todas as fitas cassetes guardadas até hoje, um
registro histórico dos nossos encontros de Natal.
Sou muito grata aos meus avós por este legado. Quando
cresci, minha avó Tita me passou a incumbência de fazer a oração. Aceitei, mas
nunca consegui faze-la com o mesmo fervor.
Desejo a vocês leitores, que misturem os odores e sabores
do Natal com a alegria de estarem com as pessoas que amam. Assim, esta data sempre será inesquecível.
Feliz Natal!
Kátia Ricardi de Abreu
www.katiaricardi.com.br
www.katiaricardideabreu.blogspot.com.br
domingo, 21 de dezembro de 2014
RELACIONAMENTOS QUASE HONESTOS
publicado em 21 de dezembro de 2014 na Revista Bem-Estar
Honestidade:
do latim, honos, que significa
dignidade e honra. Indica a qualidade de ser verdadeiro, não mentir, não
fraudar, não enganar.
O conceito
de honestidade está deturpado, confundido, distorcido, contaminado. Indivíduos
honestos são chamados de “caretas”, “babacas” diante de uma sociedade atual
transformada em seus valores.
Quando faço
entrevistas para contratar colaboradores para as empresas, é comum ouvir em
algum momento da entrevista: “sou honesto”. No mundo corporativo, só o tempo
poderá confirmar o grau de honestidade de quem se diz honesto. Já na prática
clínica, testemunho diariamente a mais pura honestidade que um ser humano pode
manifestar, quando assume a coragem de reconhecer em si e para si, suas emoções
autênticas, revelando sua busca para uma vida da qual se orgulhe, buscando
mudanças que afetem seu caráter e sua personalidade de forma positiva,
abandonando decisões disfuncionais e comportamentos que nada contribuem para
seu bem-estar.
Temos
momentos de honestidade, momentos de não honestidade e momentos de quase
honestidade, se fizermos uma reflexão honesta sobre nós. Somos emocionalmente
honestos sempre? Aposto que não! Não somos honestos quando não praticamos a
clareza na comunicação nas nossas relações interpessoais, provocando confusão e
perplexidade no interlocutor. Antes disso, não somos honestos quando não
entramos em contato com nossos sentimentos autênticos, mascarando, disfarçando
as emoções para atingirmos objetivos convenientes, moral e socialmente aceitos.
Não somos honestos quando buscamos justificativas pífias para nos enganar e
assim, confortavelmente caminhar numa verdade maquiada. Não somos honestos
quando recusamos mergulhar em níveis mais aprofundados de consciência que podem
nos garantir doses de autoconhecimento suficientes para incomodar àqueles que
não conseguem conviver com nuances de certo/errado. Ou isso ou aquilo. Ou preto
ou branco. Ou vai ou fica. Ou eu ou ele (a).
Para ser
honesto com Maria, Pedro é desonesto com Joana. Bom seria que Pedro fosse
honesto com Pedro. E com esta leitura emocionalmente honesta sobre si, Pedro
poderia ser quem é. E isso bastaria. Dar-se permissão para ser quem é
caracteriza a mais pura honestidade na comunicação emocional. É a forma mais
distante de qualquer tipo de traição de si. Porque trair as próprias emoções é
exercitar a não honestidade existencial. E o mundo está cheio de traições de si
para não trair o outro.
Temos um
quadro de referência interno, que filtra aquilo que convém para confirmar
nossas crenças pré-estabelecidas. Quando os estímulos contrários às nossas
crenças são enviados, nós os recusamos para não perdermos o pseudoequilíbrio,
vivendo emocionalmente em paz com nossa honestidade travestida. Isso garante a homeostase para uma
vida limitada na nossa criatividade, espontaneidade, intimidade e consciência.
A falta de
honestidade emocional começa no ambiente familiar quando se proíbe à criança a
expressão honesta de seus sentimentos. A
psique em formação descobre maneiras de reprimir e canalizar a emoção
indiretamente, desenvolvendo estratégias para expressá-la de forma quase
honesta. “Sinta o que você sente”, é a permissão que a criança necessita,
seguida de: “e expresse o que você sente de forma adequada”. Educadores e pais bons o bastante, podem estimular
crianças a construírem relacionamentos emocionalmente honestos. Adultos podem
se resgatar através do processo de reeducação emocional. Assim, sapos
confortáveis serão transformados em príncipes e princesas, envolvidos pela
honestidade de suas emoções e construirão relacionamentos saudáveis.
KÁTIA RICARDI DE ABREU
PSICÓLOGA CRP06/15951-5 especialista em
Análise Transacional
www.katiaricardi.com.br
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
DIÁRIO DE BORDO
Kátia Ricardi de Abreu no VIII FÓRUM BRASILEIRO DE AT |
Domingo, 12 de outubro: Lá vou eu para Foz do Iguaçu, com muita esperança e amor no coração, disposta a aprender cada vez mais e descobrir este mundo que existe dentro de mim, fazendo conexões com as pessoas. Calma, serena, confiante, chego no aeroporto de Foz e o Transfer contratado para me levar do aeroporto ao hotel não aparece. Nada que um táxi não possa resolver. No Hotel, minhas amigas Maku e Ivana me esperam para um passeio no Duty Free Shopping a caminho da Argentina. Lá vou eu para o mundo das compras! Tá certo que a cotação do dólar não está aquelas coisas mas deu para se divertir um pouco neste mundo fashion. De volta para o Hotel, sinto a alegria de estar com pessoas queridas. Com Marília e Daniela, foi divertido e gostoso passar a primeira noite no Golden Tulip no centro de Foz. O jantar, numa lanchonete a duas quadras do Golden Tulip, foi recheado de risadas e bom papo!
Segunda, 13 de outubro
Procuro a sala onde vamos nos instalar para nossa reunião de Planejamento Estratégico e aos poucos, chegam Marília, Laucemir, Jorge, Ivana, Maku, Daniela e Regina. Pronto! Time completo. O dia rola gostoso. Almoçamos juntos na padaria ao lado do hotel e terminamos o dia em estado de graça. Emocionada, percebo claramente que esta gestão está muito disposta, motivada, um time que quer dar a sua contribuição para a UNAT-BRASIL. No início da noite, fomos a um restaurante perto do Golden Tulip. Tive o prazer de conhecer o Marcos, um garçom especial.
Terça, 14 de outubro
Dia livre para passear, atravessamos a ponte da amizade em uma Van e fomos fazer compras no Paraguai. Conheci o mundo dos eletrônicos. Quase me perdi nos cremes e maquiagens. Vou morrer e não vou conseguir usar tudo aquilo. Mas o melhor da festa foi estar entre amigas. Demos muita risada. Cansadas, no final da tarde voltamos para o Golden Tulip. Tirei o biquini da mala e caí na água morna da piscina. Não havia ninguém, mas pouco a pouco foram chegando... E no início da noite, tínhamos uma roda de mais ou menos quinze pessoas ali, trocando figurinhas entre kangas, drinks e muita risada. Como não houve almoço (Ivana nos proibiu de comer qualquer coisa no Paraguai), fomos jantar no restaurante panorâmico do Golden Tulip. Vista maravilhosa. Mesa farta de amigos e bom papo! Degustei um peixe sugerido pelo Jorge, não consigo lembrar o nome do bicho, só me lembro do sabor delicioso, com tempero de ervas. Ah! Côngrio, é o nome do peixe, que gosta das águas profundas e geladas do mar.
Quarta, 15 de outubro
Dia de bancas examinadoras, fiquei ao lado do Diretor de Docência e Certificação para o que precisasse. Tive uma participação na banca da Laucemir durante a facilitação do case. Ao mesmo tempo, alinhavei as ações com o publicitário que foi fazer a assessoria de imprensa no evento, Francis Oliveira. Novamente almoço na padaria ao lado do hotel, muito calor nas ruas. Maku e Ivana voltaram para o Paraguai. No final da tarde, todas na piscina novamente. Papo delicioso, Pina Colada e tais... Fomos jantar em um restaurante a três quadras do hotel, e eu saboreei o bacalhau mais delicioso que já provei na minha vida. O atendimento do garçom, Marcos, à altura do bacalhau. Comemoramos o aniversário da Regina e já éramos um grupo de 40 pessoas nesta noite.
Quinta, 16 de outubro
Começou o Pré-Fórum, com Curso de Jane Costa e depois, piscina novamente. à noite, a abertura solene do VIII FÓRUM BRASILEIRO DE ANÁLISE TRANSACIONAL. Conferência Magna ministrada por Márcia Bertuol, divina, inspiradora, profunda, tudo de bom. Durante o jantar dançante, lembrei-me dos Congressos de que já participei na UNAT e pensei: "os bons tempos estão de volta". Com os pés doloridos de tanto dançar, dormi feliz!
Sexta, 17 de outubro
Na parte da manhã, assisti mesa redonda com Rosa Krausz e Jorge Close. Na parte da tarde, me envolvi com a preparação da apresentação do meu trabalho e a preparação da prestação de contas da Diretoria de Comunicação da UNAT. O almoço foi no restaurante do Golden Tulip e o jantar, na Argentina. O grupo todo lotou dois ônibus e uma van e lá fomos nós atravessar a fronteira e nos divertir muito com tango e música que rolou até voltarmos ao Golden Tulip.
Sábado, 18 de outubro
Logo pela manhã, tivemos a Assembleia Geral da UNAT, prestação de contas da gestão e posse da nova diretoria. O evento se encerrou e eu fui para os braços de Morfeu, cansada fisicamente. à noite, voltamos no restaurante para o repeteco do bacalhau dos deuses e nos despedimos do Marcos, o garçom. Vi lágrimas nos olhos dele quando acenamos. Ele sabia que estávamos partindo.
Domingo, 19 de outubro
Beijos, abraços, despedidas pelos corredores, hall e dependências do Golden Tulip. Volto para casa energizada e transformada. Sou uma pessoa diferente da que chegou em Foz no dia 12 de outubro. Não fui ver as cataratas nem o Parque das Aves como pretendia, mas foi bom respeitar meu ritmo, meu tempo e dar atenção a outros aspectos internos mais importantes nesta ocasião. Certamente, voltarei a Foz do Iguaçu para os passeios turísticos, compras e tais. Espero ter a oportunidade de rever Marcos, o garçom especial e saborear aquele delicioso bacalhau.Trago na bagagem a inesquecível experiência de muitos encontros de alma. Conexões humanas. Valeu!
domingo, 10 de agosto de 2014
DECEPÇÕES
texto publicado em 10 de agosto de 2014, Revista Bem-Estar, Diário da Região
No salão, a
música tocava. Vozes somadas compunham o burburinho com gosto de festa. Ela não
esperava encontrá-lo ali. Não mesmo. Depois de tanto tempo, ele estava sorrindo,
há quase três metros que mais pareciam três milhões de anos-luz. Esta distância
e todos os que passavam apressados e outros nem tanto, não a impediram de ver o
brilho nos olhos dele que parecia dizer: “saudade!”, enquanto a mão direita
esboçava um discreto aceno. E tudo aconteceu em cinco segundos. Talvez seis.
Não mais que isso.
Com o andar
firme apoiado em suas pernas bambas, atravessou o salão assustada, insegura e
lá permaneceu. A noite fria terminou assim: ela à direita, ele à esquerda, até
que foram para suas casas. Ela para o norte, ele para o sul.
No dia
seguinte e no outro e no outro, ela esperou um telefonema, um e-mail, um
torpedo, um sinal de fumaça, alguma manifestação mais expressiva de comunicação
verbal ou escrita que a fizesse entender o distanciamento dele anterior àquela
noite fria. Talvez por imaginar que merecesse. Mas veio o silêncio. E então
chegou a tristeza. Por que ela esperou. Por que ela esperou demais.
No salão a
música tocava. Sentado, ele conversava quando seus olhos caíram sobre aquela
conhecida silhueta, aquele jeito de andar... Seria mesmo ela? Ou seria produto
da sua imaginação? – pensou ele. Mas quando ela girou e ficou de frente para
ele, ah! Não teve mais dúvidas. Sim, era ela! O que fazer? Ele olhou tentando
dizer: “veja, estou aqui!” Ela reagiu ao seu quase aceno de forma quase
natural. Ele a viu acenar discretamente
e quase sorrir. Depois, ela sumiu de sua visão. Ele esperou que ela voltasse e
lhe desse algum sinal de que estava tudo bem.
Tentou alcançá-la com o olhar e quando conseguiu, ficou em dúvida se
seria uma boa ideia ir ao seu encontro em circunstâncias tão incertas. Decidiu
não arriscar. E permaneceu ele à esquerda, ela à direita no grande salão. E a
noite fria terminou assim: com seus passos firmes, parecendo feliz, ele foi
para o sul, sabendo que ela iria para o norte.
Decepção. Sentimento
de insatisfação que surge quando não se concretizam as expectativas sobre algo
ou alguém. Vem acompanhada de mágoa, tristeza, frustração e muitas vezes,
raiva.
Somos
responsáveis pelas escolhas que fazemos. Estas escolhas envolvem nossos
relacionamentos. Portanto, a decepção é uma consequência de nossas escolhas
carregadas de expectativas em relação ao outro.
Não haverá
decepção se não houver expectativa. Será que conseguimos viver de forma a nada
esperar de ninguém sempre? Muitas vezes nos distraímos deste propósito. Esperamos algo de alguém. Então, nos resta
administrar as decepções. Isso significa isentar o outro como responsável por
nossos sentimentos. Fácil de entender, difícil de praticar.
Vez ou
outra, vemo-nos ressentidos, magoados, tristes porque o outro fez ou não fez
algo que esperávamos que fizesse ou não fizesse. Algo que não faríamos ou
faríamos se estivéssemos no lugar dele. Esquecemos de que temos valores
diferentes, percepções diferentes, história de vida diferente, tudo diferente. Fica
aquela dor, grande ou pequena (dor tem tamanho?), misturada aos pensamentos
confusos e sentimentos desconfortáveis.
A vida nos
ensina muitas lições. Com o tempo aprendemos que o outro não é o algoz de
nossos sentimentos, de nossa inevitável dor. E quanto mais cedo aprendermos,
melhor.
No dia
seguinte, ela ficou taciturna. Pensou em procurá-lo, mas sua autoestima não
permitiu. Esperava que ele o fizesse. Passou outro dia, mais outros e ela se
curou de seus sentimentos dolorosos. Virou a página.
No dia
seguinte ele ficou macambúzio. Pensou em algumas palavras para dizer a ela caso
a encontrasse novamente em um dia qualquer, em uma festa qualquer. Passou outro dia e mais outros. Envolveu-se com
suas coisas. Esqueceu.
Ambos
seguiram suas vidas. Ela no norte, ele no sul, separados por ruas, avenidas,
expectativas e... Decepções!
Kátia Ricardi de Abreu
Psicóloga Clínica especialista em Análise
Transacional e Consultora de empresas.
www.katiaricardi.com.br 17
32332556
domingo, 6 de julho de 2014
LOUCOS E SÃOS
texto publicado em 06 de julho de 2014 na Revista Bem-Estar, Diário da Região
Rótulo é
toda e qualquer informação de um produto que esteja transcrita em sua
embalagem. É uma forma de comunicação visual. Estereótipo é a imagem
preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. Usa-se a palavra
“rótulo” também para se referir a estereótipo.
Uma boa
conduta é evitar “rótulos”. Segundo Eric Berne, criador da Análise Transacional,
um cirurgião pode dizer: “será necessário retirar seu apêndice” ao invés de:
“você precisa fazer uma cirurgia”.
Uma pessoa
que ouve: “você precisa de um tratamento psicológico” pode até se ofender. Mas
se ouvir: “você deve dar atenção à sua saúde em todos os sentidos, inclusive
com profissionais que cuidam da parte emocional” poderá receber de outra forma
esta indicação.
As palavras
“tratamento psicológico” ou “psiquiátrico” são muitas vezes ofensivas,
alarmantes e ameaçadoras, para as pessoas que entendem o trabalho de
profissionais da área da saúde mental, como “cuidadores de loucos”.
Trata-se de um conceito infundado,
preconcebido, depreciativo e muitas vezes sem fundamento.
Consultas psicológicas não se restringem a
tratamentos. Muitas pessoas buscam profissionais da área da saúde mental para
orientações, esclarecimentos, manutenção do estágio de bem-estar já alcançado.
Empresários, executivos, líderes, buscam a manutenção do sucesso construído ao
longo de muitos anos de carreira. Querem
fazer um planejamento de vida orientado, ou ter um espaço seguro para um
desabafo e canalização saudável de suas emoções. Muitas pessoas decidem poupar
amigos e familiares das lamentações, preocupações e sentimentos incômodos do
dia-a-dia, reservando a eles, momentos de compartilhamento lúdico.
Os tratamentos psicológicos, por sua vez, não se
restringem aos distúrbios e desequilíbrios graves, que comprometem a
convivência com a coletividade e ou que colocam em risco a própria
sobrevivência da pessoa em desequilíbrio. Qualquer situação conflituosa, que
esteja causando o mínimo de desconforto interno e ou externo, poderá merecer a
atenção daqueles que não querem simplesmente deixar o tempo passar para que,
magicamente, tudo se resolva. Diante dos primeiros sinais ou sintomas buscam
ajuda profissional por terem a noção da importância mente/corpo.
A loucura propriamente dita pode ser vista de muitas
formas. Se considerarmos todo e qualquer desequilíbrio como loucura, pequeninas
loucuras são reveladas em todo momento. Quem já não se pegou perguntando: “será
que estou ficando louco?” No entanto, é a ausência de catexia (energia
psíquica) no Estado de Ego Adulto, impedindo que o raciocínio lógico comande a
ação, que vai provocar a ruptura do contato com a realidade.
Ainda sobre
a loucura, temos que considerar que, muitas vezes, a lucidez exacerbada pode ser
entendida como loucura por aqueles que não visualizam a realidade com tanta
nitidez, contaminados com suas normoses cotidianas.
Dizer: “fiz
uma loucura” pode significar uma audácia, uma permissão interna que gerou um
comportamento ousado, porém benéfico, ultrapassando os limites habituais
impostos pelo agente da ação. Nestes casos, estas chamadas “loucuras” merecem
aplausos.
Rótulos e
estereótipos são limitantes também do ponto de vista psicossocial. Quando
associados a sentimentos, caracterizam atitudes e preconceitos sociais. Poderíamos
poupar um bocado a nós e a todos ao nosso redor, se buscássemos a ampliação da
nossa consciência de tal forma que pudéssemos administrar os desconfortos
cotidianos com o potencial dinâmico da nossa mente agindo em nosso benefício.
Somos capazes de aprender coisas que nos fazem bem e o conhecimento das nossas
emoções trabalhando a nosso favor, é um aprendizado contínuo que nos garante
ficar muito longe da loucura.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
ORGULHO DA MAMÃE!
Ser mãe é algo mágico, uma experiência encantadora. Tudo bem que eu vomitei até, tive enjôo até e cheguei a pensar que nunca mais iria conseguir comer um sanduíche com katchup, mostarda e maionese. Mas acabei sendo muito recompensada e todos os incômodos da gravidez ficaram insignificantes diante deste garoto que nasceu loiro com os olhos verdes, muita energia e muitas perguntas sobre o Universo.
Há vinte e quatro anos, em plena Copa do Mundo, nasceu o Bruno, exatamente no dia seis de junho de 1990, nosso primogênito, hoje graduado em Física e mestrando pela UNICAMP.
"Mãe, por que o céu não cai?" - perguntas como esta faziam parte da rotina diária.
Certa vez ele chegou da escola indignado porque recebeu uma advertência da professora. O motivo: estava batendo palmas e cantando uma música ao entrar na sala de aula após o recreio. Segundo ele, a aula não havia começado e o tempo do recreio ainda estava valendo. "Mãe, a gente não pode ser feliz?" "É errado ficar alegre e cantar?"
Hoje ouço Bruno tocar violão quando passo pela porta do seu quarto, nas raras vezes em que ele nos visita. Consigo escutar seus gritos que ecoam lá de Campinas quando o Palmeiras faz um gol.
Calado, reservado, Bruno expressa todo o seu afeto no olhar. Os cães deliram de alegria quando reconhecem a sua presença e a cozinha fica agitada com o seu talento culinário refinado.
"Filhos são do mundo, para o mundo" - é o que eu digo para mim, quando sinto meu coração apertado de saudade dele.
Sou grata ao Universo por ter gerado dois filhos. Exercito-me para ser uma mãe que os mereça.
Feliz aniversário Bruno!
Há vinte e quatro anos, em plena Copa do Mundo, nasceu o Bruno, exatamente no dia seis de junho de 1990, nosso primogênito, hoje graduado em Física e mestrando pela UNICAMP.
"Mãe, por que o céu não cai?" - perguntas como esta faziam parte da rotina diária.
Certa vez ele chegou da escola indignado porque recebeu uma advertência da professora. O motivo: estava batendo palmas e cantando uma música ao entrar na sala de aula após o recreio. Segundo ele, a aula não havia começado e o tempo do recreio ainda estava valendo. "Mãe, a gente não pode ser feliz?" "É errado ficar alegre e cantar?"
Hoje ouço Bruno tocar violão quando passo pela porta do seu quarto, nas raras vezes em que ele nos visita. Consigo escutar seus gritos que ecoam lá de Campinas quando o Palmeiras faz um gol.
Calado, reservado, Bruno expressa todo o seu afeto no olhar. Os cães deliram de alegria quando reconhecem a sua presença e a cozinha fica agitada com o seu talento culinário refinado.
"Filhos são do mundo, para o mundo" - é o que eu digo para mim, quando sinto meu coração apertado de saudade dele.
Sou grata ao Universo por ter gerado dois filhos. Exercito-me para ser uma mãe que os mereça.
Feliz aniversário Bruno!
sexta-feira, 30 de maio de 2014
EU, A POLÍTICA, A COPA E AS CAPIVARAS
Fiz o Curso de Psicologia na época da ditadura. Estas fotos mostram os rostos da minha turma na Avenida Francisco Glicério, em Campinas-SP, marchando e cantando e seguindo a canção de Geraldo Vandré. Foram muitas passeatas. Nós acreditávamos que a democracia faria do nosso país - o gigante adormecido, um país melhor.
Hoje, 34 anos depois, nossa turma ainda se reúne pelo menos uma vez por ano. Nosso próximo encontro será em Serra Negra, em outubro. As canções nos violões vão rolar. As músicas, já sabemos de cor. O brilho nos olhos de todos estes rostos continua, porque estamos trabalhando por um país melhor. Fizemos da Psicologia, não só uma profissão, mas um instrumento de transformação individual e social. Eu, particularmente, aluna aplicada da matéria "Estudo de Problemas Brasileiros", ministrada por um militar com um nome esquisito - Enjolras (não é sigla, é nome mesmo!), hoje passo longe dos assuntos políticos e me sinto enojada com o pouco que leio nos jornais sobre o que nossos representantes estão fazendo com aquele nosso querido gigante adormecido dos anos 80.
A Copa do mundo parava o país porque acreditávamos nesta grande oportunidade de mostrar ao mundo nossos talentos no futebol brasileiro. "Prá frente Brasil do meu coração, todos juntos, vamos, salve a seleção!", era o hino que saía de nosso lábios e nossos corações vibrantes de alegria. A Copa do mundo não parecia um instrumento de manipulação de massas, naquela época. Ou será que eu, tão imatura, não percebia o que percebo hoje? Acreditava nos benefícios da democracia, participava de passeatas e ainda torcia para o Brasil ganhar a Copa. Cada gol era comemorado com muitos gritos, pulos, e uma chuva de papéis jogados pela janela do vigésimo andar do Edifício Mirante, na Avenida Moraes Sales, onde eu morava. Quanta esperança!
Não sinto mais vontade de assistir os jogos da Copa. Só me resta apreciar as capivaras, tão ingênuas passeando por aqui, perto da minha casa, às margens deste Rio Preto. Feliz da vida, as capivaras e eu!
Hoje, 34 anos depois, nossa turma ainda se reúne pelo menos uma vez por ano. Nosso próximo encontro será em Serra Negra, em outubro. As canções nos violões vão rolar. As músicas, já sabemos de cor. O brilho nos olhos de todos estes rostos continua, porque estamos trabalhando por um país melhor. Fizemos da Psicologia, não só uma profissão, mas um instrumento de transformação individual e social. Eu, particularmente, aluna aplicada da matéria "Estudo de Problemas Brasileiros", ministrada por um militar com um nome esquisito - Enjolras (não é sigla, é nome mesmo!), hoje passo longe dos assuntos políticos e me sinto enojada com o pouco que leio nos jornais sobre o que nossos representantes estão fazendo com aquele nosso querido gigante adormecido dos anos 80.
A Copa do mundo parava o país porque acreditávamos nesta grande oportunidade de mostrar ao mundo nossos talentos no futebol brasileiro. "Prá frente Brasil do meu coração, todos juntos, vamos, salve a seleção!", era o hino que saía de nosso lábios e nossos corações vibrantes de alegria. A Copa do mundo não parecia um instrumento de manipulação de massas, naquela época. Ou será que eu, tão imatura, não percebia o que percebo hoje? Acreditava nos benefícios da democracia, participava de passeatas e ainda torcia para o Brasil ganhar a Copa. Cada gol era comemorado com muitos gritos, pulos, e uma chuva de papéis jogados pela janela do vigésimo andar do Edifício Mirante, na Avenida Moraes Sales, onde eu morava. Quanta esperança!
Não sinto mais vontade de assistir os jogos da Copa. Só me resta apreciar as capivaras, tão ingênuas passeando por aqui, perto da minha casa, às margens deste Rio Preto. Feliz da vida, as capivaras e eu!
quinta-feira, 29 de maio de 2014
VALORES, GRATIDÃO, ABUNDÂNCIA
Não é raro surpreendermo-nos com os pensamentos voltados para a metade do copo que está vazia, e não para a metade do copo que está cheia. Ou seja, ficamos pensando em coisas que não temos e deixamos de considerar, lembrar e valorizar o que temos.
Agradeçamos ao Universo o que ele nos enviou: saúde, amigos, trabalho, moradia, talentos, enfim, tudo que possuímos de material ou não.
Em seguida, agradeçamos o que ele não nos enviou, poupando-nos de muitos transtornos e sofrimentos.
Vulneráveis às armadilhas do "ter", corremos o risco de aceitar os atalhos para recompensas ilusórias, saciando nossas necessidades emocionais de forma superficial e portanto, passageiras.
Quando fortalecemos nossa estrutura psíquica através do autoconhecimento, entramos em contato com nossas necessidades emocionais, aprendemos a suprí-las autêntica e verdadeiramente e como consequencia, recusamos todas as formas de gratificação ilusória. Passamos então, a enxergar a metade do copo que está cheia e a sensação de abundância acabará reinando em nossas vidas.
Tudo flui no Universo!
Agradeçamos ao Universo o que ele nos enviou: saúde, amigos, trabalho, moradia, talentos, enfim, tudo que possuímos de material ou não.
Em seguida, agradeçamos o que ele não nos enviou, poupando-nos de muitos transtornos e sofrimentos.
Vulneráveis às armadilhas do "ter", corremos o risco de aceitar os atalhos para recompensas ilusórias, saciando nossas necessidades emocionais de forma superficial e portanto, passageiras.
Quando fortalecemos nossa estrutura psíquica através do autoconhecimento, entramos em contato com nossas necessidades emocionais, aprendemos a suprí-las autêntica e verdadeiramente e como consequencia, recusamos todas as formas de gratificação ilusória. Passamos então, a enxergar a metade do copo que está cheia e a sensação de abundância acabará reinando em nossas vidas.
Tudo flui no Universo!
quarta-feira, 28 de maio de 2014
FACEIRICES DE OUTONO
FACEIRICES DE OUTONO
A temperatura cai e ela abre a gaveta procurando o agasalho que mais possa aquecer seu corpo. Porque sua alma anda muito bem agasalhada. Ah se não fosse ela mesma, nada estaria tão bem!
Sente-se confortável naquele corpo, agora quentinho. E então abre sua mente para as faceirices mais intrigantes. Paisagens geograficamente distantes a atraem, composições da natureza e criatividade que unem o simples com o aconchegante, fazem de seus poucos minutos livres, verdadeiro bálsamo que alimenta e sacia sua sede de viver.
Livros a aguardam a poucos metros de suas mãos enquanto sua mente ferve de ideias. Não, agora ela não pode parar. Dispara anotações no seu caderninho secreto, para não esquecer alguma delas. Sabe que sua memória pode falhar, detalhes podem ficar esquecidos.
Nada concreto, mas ela não desiste. Continua inspirada e inspirando-se para que, a qualquer momento, possa transformar seus sonhos em realidade.
Se ela pudesse caminhar, sair desta cadeira de rodas, conheceria todas estas paisagens mesmo que fosse à pé. Sem se lamentar, viaja pelo mundo, assiste tudo pela janela virtual e imagina sentir o cheiro daquelas flores, ouvir o barulho daquelas ruas.
Ah, se ela pudesse andar...
A temperatura cai e ela abre a gaveta procurando o agasalho que mais possa aquecer seu corpo. Porque sua alma anda muito bem agasalhada. Ah se não fosse ela mesma, nada estaria tão bem!
Sente-se confortável naquele corpo, agora quentinho. E então abre sua mente para as faceirices mais intrigantes. Paisagens geograficamente distantes a atraem, composições da natureza e criatividade que unem o simples com o aconchegante, fazem de seus poucos minutos livres, verdadeiro bálsamo que alimenta e sacia sua sede de viver.
Livros a aguardam a poucos metros de suas mãos enquanto sua mente ferve de ideias. Não, agora ela não pode parar. Dispara anotações no seu caderninho secreto, para não esquecer alguma delas. Sabe que sua memória pode falhar, detalhes podem ficar esquecidos.
Nada concreto, mas ela não desiste. Continua inspirada e inspirando-se para que, a qualquer momento, possa transformar seus sonhos em realidade.
Se ela pudesse caminhar, sair desta cadeira de rodas, conheceria todas estas paisagens mesmo que fosse à pé. Sem se lamentar, viaja pelo mundo, assiste tudo pela janela virtual e imagina sentir o cheiro daquelas flores, ouvir o barulho daquelas ruas.
Ah, se ela pudesse andar...
domingo, 23 de março de 2014
CERTINHA DEMAIS
publicado em 23 março 2014 Revista Bem-Estar, Diário da Região
Você conhece
alguma pessoa que é certinha? Irritantemente certinha? Sim, aquela pessoa que
está composta o tempo todo, nenhum fio de
cabelo fora do lugar, não sai da linha por nada nesse mundo. A roupa não amassa
jamais. Se for mulher, o batom não sai, o perfume não vence. Se for homem, a
barba parece que nunca cresce. O carro está sempre impecavelmente limpo, a casa
rigorosamente arrumada. Na academia, ela não transpira e se o fizer a toalhinha
perfumadíssima imediatamente entra em ação. O tom de voz é invariavelmente doce,
suave, manso e bem colocado. Tudo nela se traduz em “estou cem por cento no
controle”. As fotos no facebook? Só
alegria! Não aparecem rugas, imperfeições, mas os melhores ângulos. Não sai da
linha nunca, jamais, em tempo algum. Sua vida é poética. Aliás, é uma daquelas
histórias de contos de fadas. Aquelas com o final feliz, em qualquer hora do
dia.
A pessoa
certinha demais geralmente é adorada, admirada, querida, amada, venerada,
invejada. Mas ela é certinha demais. E por que demais? Porque o exagero acaba
atrapalhando os relacionamentos e o desconforto em não se mostrar como
realmente é. Isso não é bom? Tem um preço.
Pessoas
certinhas demais causam tanta, mas tanta admiração que provocam distância, às
vezes abismo, entre elas e os simples mortais, que revelam uma versão de si,
mais do tipo “a vida como ela é”. A certinha demais se esforça para passar uma
imagem impecável para sentir-se aceita, para não sofrer com qualquer possibilidade
de rejeição. Mas, o excesso da impecabilidade assusta e acaba mais distanciando
do que a aproximando das pessoas.
O empenho todo
em ser corretíssima garante-lhe um bocado de carícias positivas condicionais.
Um simples deslize, que seria aceitável para qualquer um, acaba se
transformando em algo que mancha a perfeita e correta imagem construída, devido
à alta expectativa criada em torno de sua conduta e apresentação. Os grandes
ídolos e celebridades consagradas sofrem com a construção desta imagem junto
aos seus fãs e junto àqueles que caçam obstinadamente os erros e inadequações
para mostrar que a imagem construída é de barro. Outras personalidades do mundo
artístico, mais orientados e sensatos, gostam de se apresentarem como realmente
são, sem se importarem com o impacto negativo causado e acabam transformando
este impacto em positivo.
Regina Duarte
certo dia tomava café ao meu lado, no aeroporto de Congonhas e muitos nem a
notaram tal a simplicidade da postura. Confesso que tive que confirmar com meu
olhar (discretamente, coloquei até os óculos!) para ter certeza de que era ela,
ali, sorvendo um expresso com pão de queijo, mastigando, engolindo como simples
mortal, numa produção confortável sem se preocupar com as possibilidades de
assédio.
Julia Roberts
é alvo de fotógrafos que adoram clicar seus looks casuais muito criticados pelo
excesso de improvisação. E daí? Por que pessoas famosas ou não têm que se
preocuparem com a impecabilidade vinte e quatro horas por dia, se elas não sofrem
deste mal de querer ser certinha demais?
Podemos
desfrutar do conforto de não estarmos rigorosamente corretos como se fosse um
pecado não corresponder às expectativas de perfeição construídas nas mentes que
necessitam deste referencial. Não estou falando apenas de aparência. Falo de
toda e qualquer gafe e escorregada que alguém possa dar, em algum momento em
algum lugar. E dane-se quem está de tocaia para jogar “agora te peguei!”.
Quanta energia e tempo desperdiçado para manter uma patologia. Viva a
espontaneidade! Vamos ser quem somos e pronto.
Kátia Ricardi de
Abreu
Psicóloga (CRP
06/15951-5) Clínica especialista em Análise Transacional, consultora de
empresas, palestrante, escritora.
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